Estrategista, vamos começar do começo!

A demência é uma síndrome clínica em que o paciente apresenta alteração cognitiva objetiva em ao menos 1 domínio, o que pode ser identificado através da anamnese e de testes a beira leito como o mini-mental, bateria breve de avaliação cognitiva, Moca, entre outros. Perceba que não são necessários testes “complexos” ou avaliação neuropsicológica para a determinação da perda cognitiva em todos os pacientes, apenas se o médico não conseguir defini-la através de anamnese e exame breve da cognição! Ao mesmo tempo, é muito importante estar atento com adequação dos resultados esperados para reconhecer o déficit como “objetivo”! Por exemplo, o resultado esperado no mini-mental para um paciente com ensino superior completo não é o mesmo do esperado para um paciente com o primário incompleto. Por isso, o resultado deve ser avaliado conforme o grau de escolaridade do paciente.

Além disso, para a definição de demência, é necessário que o paciente apresente perda de funcionalidade na execução de tarefas usuais ou na capacidade de trabalho. Aqui, cabe a definição de 3 entidades que você não pode confundir:

• Queixa subjetiva de memória: o paciente se queixa, contudo, na avaliação não é possível definir a existência de uma perda objetiva. Nos testes aos quais o paciente é submetido, adequados à queixa e escolaridade, o seu desempenho não é pior ao esperado para indivíduos de mesma idade e escolaridade.

• Transtorno cognitivo leve: o paciente tem uma queixa, há perda objetiva nos testes cognitivos, contudo, não há perda de funcionalidade. O paciente consegue continuar executando as tarefas do dia a dia, sem dificuldade ou demanda de auxílio.

• Demência: o paciente tem a queixa, a perda cognitiva é objetiva e há perda de funcionalidade.

Durante a investigação de um quadro demencial, o paciente deve ser submetido a uma avaliação que visa, sobretudo, afastar causas reversíveis de demência. Há alguma controvérsia sobre quais exames pedir, o que dependerá da literatura em que a questão se baseará. A maioria das fontes indica a solicitação de vitamina B12, TSH, hemograma completo e exame de neuroimagem (TC ou RM de crânio). Na prática clínica, respaldado pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde do ano de 2017, são incluídos ainda: dosagem de eletrólitos (sódio, potássio, cálcio), glicemia, uréia, creatinina, transaminases (TGO/TGP), aspartato-aminotransferase (AST/TGO), ácido fólico –sorologia sérica para sífilis (VDRL) e HIV (em pacientes com menos de 60 anos). Além disso, deve se afastar um quadro de episódio depressivo não tratado, importante cause de pseudodemência. Caso presente, deverá ser tratado antes de qualquer consideração diagnóstica.

A doença de Alzheimer é a principal causa de demência, correspondendo a mais de 60% dos casos. O quadro clínico, inicialmente, é marcado por acometimento preferencial da memória recente. Analisando o enunciado, percebemos uma senhora com queixa cognitiva objetiva, predominando os sintomas relacionados à memória e associada à perda de funcionalidade. Podemos dar o diagnóstico definitivo de doença de Alzheimer após uma avaliação inicial? A resposta é não! Essa é uma pegadinha de prova. Antes disso, o paciente deve ser submetido à avaliação inicial de um quadro demencial. Afastadas causas secundárias de demência, alguns elementos podem auxiliar no diagnóstico de doença de Alzheimer, lembre-se de que é, portanto, um diagnóstico de exclusão!

Sugerem doença de Alzheimer:

ü Atrofia preferencial dos lobos temporais e hipocampo

ü PET com hipometabolismo preferencial têmporo-parietal

ü PET com traçador para proteína beta amilóide revelando deposição anômala

ü LCR com redução de beta-amilóide (A-beta 42) e elevação de proteína Tau e Tau fosforilada

Vamos às alternativas: