Fala, Coruja!

A febre reumática é uma complicação não supurativa de uma faringotonsilite por Streptoccocus pyogenes (também chamado de SGA). É resultado de uma resposta imunológica anômala contra essa bactéria que acaba provocando fenômenos autoinflamatórios.

São duas coisas que precisam ser investigadas para fecharmos o diagnóstico de febre reumática: critérios clínicos e evidência estreptocócica prévia.
Quando falamos dos critérios clínicos, lembramos dos critérios de Jones:

Lembrando que os critérios menores marcados com * não contam se o respectivo critério maior de artrite e/ou cardite já estiver presente, ok?
Além dos critérios clínicos, a evidência laboratorial de colonização estreptocócica prévia é mandatória! O relato de faringoamigdalite não confirma o diagnóstico, e a ausência não afasta. Para isso, temos alguns exames à disposição. Mas tenha em mente que a febre reumática é uma complicação que demora cerca de 3 semanas desde a infecção pelo SGA para se manifestar clinicamente.

Ou seja, os testes que buscam evidência do SGA na faringe do paciente (como cultura e teste de antígeno) acabam tendo uma sensibilidade muito baixa, já que frequentemente o corpo do paciente já eliminou o SGA no momento em que a febre reumática se instala. Por isso, no geral, damos preferência para a pesquisa dos anticorpos anti-estreptocócicos:

Juntando os critérios clínicos com a evidência prévia de SGA, podemos fechar o diagnóstico da seguinte forma. Peço que tenha atenção que existem diferenças entre o diagnóstico do primeiro surto de FR do paciente e de recorrência, bem como situações onde a evidência estreptocócica prévia não é mandatória (por se tratar de complicações muito tardias):

Assim que você faz o diagnóstico de febre reumática, o tratamento é o seguinte:

Erradicação do estreptococo: tratar ao diagnóstico de FR, mesmo se ausência de sintomas de faringite. A escolha é penicilina G benzatina;
Alívio dos sintomas: AINEs são ótimos para artrite. O envolvimento cardíaco costuma exigir tratamento com corticoide sistêmico.
Profilaxia secundária para impedir sequelas cardíacas: idealmente com penicilina G benzatina a cada 21 dias, com duração dependente da gravidade do envolvimento cardíaco.

A questão é mais simples do que isso. Você apenas precisa saber quais são os critérios maiores e menores de Jones: