GABARITO: ALTERNATIVA B

Estrategista, o gráfico dessa questão já foi cobrado duas vezes pelo SUS-SP. Na primeira vez, a bancou questionou sobre o estudo de não-inferioridade. Na segunda, sobre o estudo de equivalência. Portanto, embora uma dessas questões tenha sido anulada, é possível que a próxima questão seja sobre o estudo de superioridade. Mas afinal, quem são os ensaios clínicos realizados para a eficácia comparativa?

Pois bem!

São estudos que, ao invés de comparar o grupo experimental com um grupo placebo, eles comparam tratamentos entre si. Tais estudos são cada vez mais comuns porque a indústria farmacêutica está em constante evolução e existe um apelo por tratamentos cada vez mais novos e eficazes. Nesse sentido, os novos tratamentos precisam “provar” que valem a pena. Caso contrário, não há porque serem utilizados no lugar dos tratamentos tradicionais. Por isso, três tipos de estudos podem ser desenvolvidos:

1. Estudos de superioridade: tais estudos partem da hipótese nula de que o tratamento convencional (que vamos chamar aqui de tratamento C) apresenta eficácia igual ou superior ao novo tratamento (que vamos chamar aqui de tratamento T). O objetivo é justamente rejeitar a hipótese nula, ou seja, encontrar que T é superior a C. Mas o quanto T deve ser superior? Existe uma diferença mínima? Não. Se o tratamento C apresentar uma eficácia de 60%, enquanto T apresenta eficácia de 61%, já está valendo!

Observe que o eixo x do gráfico anterior representa exatamente a diferença entre as eficácias. A linha central é a linha de nulidade, ou seja, caso as eficácias sejam iguais, a diferença será igual a zero. Observe que a superioridade começa na própria linha central. Portanto, qualquer diferença positiva rejeita a hipótese nula e mostra que T é superior a C. Em outras palavras, a diferença entre T e C deve ser superior a 0.

Diferença de eficácias = T – C > 0.

2. Estudos de não-inferioridade: tais estudos partem da hipótese nula de que o tratamento novo é inferior ao tratamento convencional.

— Como assim, Bárbara?

A hipótese nula parte da premissa que T é inferior a C e essa inferioridade significa que a eficácia de T é 10% inferior à C. Mas ao contrário da superioridade, onde aceitamos qualquer diferença acima de 0, nós aceitamos uma margem de não-inferioridade. Por exemplo, se C tem eficácia igual a 60% e T apresentar eficácia 1 unidade menor (59%), ainda assim T não será considerado inferior. O novo tratamento só será inferior se ele apresentar eficácia menor em 10 unidades. Ou seja: se C tem eficácia de 60%, T só seria inferior se a eficácia fosse inferior a 50%. tem eficácia inferior a 50%. Portanto, se encontrarmos uma eficácia de T superior à 50%, então T é dito não-inferior!

Geralmente, em estudos de não-inferioridade, a margem aceitável é de -10%. Logo, o novo tratamento pode ter eficácia inferior em até 10 unidades que, mesmo assim, não será considerado inferior.

Diferença de eficácias = T – C não deve < 10.

(veja que se T vem na frente, e seu valor é menor, a diferença recebe o sinal de negativo)

3. Estudos de equivalência: tais estudos partem da hipótese nula de que o tratamento novo é superior ou é inferior ao tratamento convencional. Portanto, o objetivo é rejeitar essa hipótese nula e mostrar que eles são equivalentes.

Nesse sentido, para serem equivalentes, a diferença entre T e C deve variar em uma faixa que vai desde -10% a +10% (alguns autores preferem não estabelecer o valor e colocar -M a +M, já que essas margens são estabelecidas arbitrariamente pelo autor). Portanto, considerando que a eficácia do tratamento convencional é 60%, a eficácia de T deve ficar entre 50 e 70%. Se passar de 70%, é superior e não rejeitamos a hipótese nula; se for inferior a 50%, é inferior e não rejeitamos a hipótese nula.

— Mas, Bárbara, nos estudos de superioridade qualquer diferença positiva já mostrava superioridade... porque nos estudos de equivalência tem que ultrapassar a margem estabelecida para ser superior?

Porque essa foi a nossa hipótese nula. Logo, é ela quem vai determinar o que você vai considerar como significativo ou não. Observe que as linhas pontilhadas no gráfico marcam justamente a margem, e que T só é considerado superior em estudos de equivalência a partir dela.

Geralmente, em estudos de equivalência, a faixa aceitável é de -10% a +10%. Logo, o novo tratamento pode ter eficácia inferior em até 10 unidades ou ter eficácia superior a C em, no máximo, 10 unidades.

Diferença de eficácias = T – C ≥ -10 e T – C ≤ +10.

Figura 1 – Tipos de ensaios clínicos para eficácia comparativa. 1: estudos de superioridade. 2: estudos de não inferioridade. 3: estudos de equivalência. Imagem modificada a partir de Pinto VF, 2010. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/jvb/a/4vy8L3jkgc7M7m5yRNfrJbL/?lang=pt&format=pdf#:~:text=Rejeitar %20a%20hip%C3%B3tese%20nula%20significa,maior%20que%20uma%20margem%20M.

Voltando para a questão, veja que o examinador deseja saber qual é o tipo de estudo representado pelo número 1. Ora, veja que o gráfico demonstra uma diferença de eficácias superior a 0. Portanto, é o estudo de superioridade.