O que o examinador quer saber: sobre gestação prolongada.

Considera-se gravidez pós-termo ou prolongada aquela com 42 semanas completas, isto é, 294 dias, contados a partir do primeiro dia da última menstruação. Orienta-se utilizar as expressões pós-termo ou prolongada ao invés de pós-datismo ou pós-matura.

Os principais fatores de risco para gestação prolongada são: idade materna avançada, paridade, etnia, obesidade e alterações fetais e placentárias. A idade materna avançada pode estar associada a gestação prolongada, embora isso ainda não tenha sido comprovado. Primigestas têm maior chance de gestação prolongada do que multíparas. Algumas etnias, como gregas e italianas, apresentam taxas de gestação prolongadas mais elevadas. Algumas alterações fetais como a anencefalia e alterações no cromossomo X estão associadas a gestação pós-termo.

Observa-se que as menores taxas de óbito fetal e neonatal ocorrem entre 38 e 41 semanas. Após 41 semanas as taxas de mortalidade fetal e neonatal apresentam aumento, sendo o dobro após 42 semanas. Nas gestações pós-termo observa-se também maior incidência de oligoâmnio, síndrome da aspiração meconial, macrossomia fetal, índice de Apgar menor que 4 no 5º minuto, maior necessidade de UTI neonatal, tocotraumatismo e cesáreas.

As principais condutas diante de uma gestação pós-termo são: avaliação da vitalidade fetal e indução do parto.

A vigilância da vitalidade fetal deve ser iniciada a partir de 40 semanas, embora alguns serviços indiquem o acompanhamento do bem-estar fetal a partir de 41 semanas. A avaliação da vitalidade fetal na gestação prolongada deve ser feita com cardiotocografia anteparto e perfil biofísico fetal (veja no Livro Avaliação da vitalidade fetal), a cada 2-3 dias até o parto. O uso da Dopplervelocimetria em gestações prolongadas não têm mostrado benefício na avaliação fetal, por isso não é recomendada nessas situações. A amnioscopia também não é recomendada, pois as evidências científicas não mostram benefícios desse procedimento na melhora dos resultados neonatais.

Considera-se a indução do trabalho de parto entre 41 0/7 semanas e 42 0/7 semanas. Os estudos mostram que a indução com 41 semanas, e não com 42 semanas, diminui as chances de cesárea, por isso muitos serviços orientam a indução a partir dessa idade gestacional. A partir de 42 semanas deve-se sempre induzir o trabalho de parto, pois a mortalidade fetal e neonatal aumenta consideravelmente a partir dessa idade gestacional, não havendo mais benefícios em manter a gestação.