GABARITO: ALTERNATIVA E

A Doença de Chagas é resultado da infecção pelo parasita Trypanosoma cruzi. O Trypanosoma é um parasita transmitido primariamente por percevejos triatomídeos (especialmente o Triatoma brasiliensis e Panstrongylus megistus, popularmente conhecidos como “bicho barbeiro”), que atuam como vetores. Essa doença não tem somente seres humanos como reservatórios (onde o parasita realiza reprodução sexuada), podendo se perpetuar em alguns reservatórios silvestres como gatos, cães, porcos e cabras.

O T. cruzi não será transmitido necessariamente via vetorial. Em alguns casos, o triatomídeo pode ser moído ingerido acidentalmente, possibilitando a transmissão desta doença pela via oral (especialmente nas moendas de açaí e cana-de-açúcar). Outras transmissões mais episódicas e raras são as por transplantes de órgão sólido, transfusão sanguínea e acidentes com material biológico.

Ao picar um novo reservatório humano para se alimentar, o triatomídeo defeca imediatamente no local da picada, gerando uma reação local que promove a coçadura do hospedeiro, levando formas infectantes recém eliminadas à penetração da pele e início de um novo ciclo. Na transmissão vetorial, o hospedeiro pode apresentar sintomas de fase aguda 1 a 2 semanas após a picada.

Vamos revisar os sintomas das fases aguda e crônica?

O diagnóstico dessa doença pode envolver o uso de métodos parasitológicos diretos (que veem o parasita) durante a fase aguda – pesquisa a fresco de tripanosomídeos (até 30 dias dos sintomas) gota espessa de sangue periférico e, em alguns centros, métodos moleculares (PCR).

Nas formas crônicas da doença, os testes sorológicos (anticorpos IgM e IgG) passam a ser detectáveis a partir de 2 semanas dos sintomas iniciais, atingindo seus picos de detecção por volta da 6ª a 8ª semana do início do quadro. Lembre-se que na fase crônica o T. cruzi ou está no tecido fibroconjuntivo cardíaco ou incluído no plexo mioentérico (onde causarão miocardiopatia dilatada e megacólon, respectivamente), sendo essa fase marcada por baixa parasitemia e falsos negativos de métodos parasitológicos diretos.

O tratamento (preferencialmente realizado com Benznidazol) é indicado para todos os casos em fase aguda ou com reativação de formas crônicas. Para fases crônicas não reativadas, o tratamento dependerá da forma clínica (indeterminada/digestiva/cardíaca/cardiodigestiva) e do julgamento do médico assistente, visto que essa droga pode causar neuropatia, dermopatia grave e hipoplasia de medula.