O que o examinador quer saber: sobre hidropsia fetal não imune.

Hidropsia fetal caracteriza-se pelo excesso de água no corpo do concepto, em pelo menos duas cavidades serosas (ascite, derrame pleural, e pericárdico) ou no tecido subcutâneo. Quando o feto apresenta hidropsia fetal deve-se avaliar se é de origem imune (doença hemolítica perinatal) ou não imune.

A doença hemolítica perinatal pode levar a hidropisia fetal imune e ocorre em fetos de gestantes Rh negativo com coombs indireto positivo e pai biológico Rh positivo, devido a anemia fetal grave que leva a insuficiência cardíaca fetal. Atualmente, em decorrência do uso da imunoglobulina anti-Rh com a prevenção da aloimunização materna, grande parte das hidropisias fetais são não imunes.

A fisiopatologia da hidropisia fetal não imune varia conforme a etiologia da hidropsia fetal. As causas de hidropsia fetal não imune são: malformações cárdicas, aneuploudias, infecções congênitas, malformações torácicas, anemias hereditárias, tumores, displasias linfáticas, doenças que levam a hipoproteinemia, erros inatos do metabolismo e síndrome da transfusão feto-fetal, sendo que 15 a 20% dos casos são de origem desconhecida.

Diante de um caso de hidropsia fetal, deve-se, em primeiro lugar, afastar a possibilidade de hidropsia imune por meio da dosagem do coombs indireto. Se o coombs indireto for negativo, estamos frente a uma hidropsia não imune. Deve-se, então, investigar doenças infecciosas, hematológica e metabólicas materna, avaliar a morfologia fetal e fazer a avaliação indireta da anemia fetal, por meio da medida do pico de velocidade sistólica da artéria cerebral média fetal (PVS-ACM). Se o PVS-ACM for > 1,5MOMs para a idade gestacional, verifica-se anemia fetal grave. A principal causa de hidropsia fetal não imune por anemia fetal grave é a infecção por Parvovirus B19. Caso o feto não apresente sinais de anemia fetal grave, as outras etiologias devem ser investigadas.