GABARITO: ALTERNATIVA C

Estrategista, esta questão pode parecer “decoreba” a princípio, mas, além disso, é também problemática em sua origem. Apesar disso, fique tranquilo porque utilizando os seus conhecimentos sobre gota chegaríamos ao nosso gabarito.

A gota é uma artropatia inflamatória causada pela deposição de cristais de monourato de sódio (MUS) nos tecidos articulares e extra-articulares. A hiperuricemia é necessária para o desenvolvimento da doença, porém, isoladamente, não é suficiente.

Tem claro predomínio no sexo masculino, principalmente dos 30 aos 50 anos. No sexo feminino, a maior incidência ocorre na faixa dos 55 e 70 anos devido à menopausa, uma vez que o estrógeno tem efeito uricosúrico, ou seja, aumenta a excreção do ácido úrico na urina.

A doença sofre influência de vários fatores que são considerados de risco, a saber: sexo, idade, genética, ingesta excessiva de bebida alcoólica, carne e frutos do mar, alimentos adoçados artificialmente e medicamentos, como diuréticos tiazídicos, baixas doses de AAS, etambutol e pirazinamida.

A história natural da gota pode ser dividida, de forma didática, em quatro fases distintas: hiperuricemia assintomática, artrite gotosa aguda (crise aguda de gota), períodos intercríticos e gota crônica. A fase assintomática da doença, definida por níveis elevados de uricemia na ausência das complicações (formação de cristais de urato, artrite, litíase urinária e tofos), pode afetar os pacientes por um longo período.

Uma vez que o limite de saturação do ácido úrico seja atingido e tenhamos a formação dos cristais de MUS, podemos encontrar a famosa crise aguda de gota. Essas crises apresentam evolução súbita, associada à dor intensa e eritema local, com grande hipersensibilidade ao toque. Elas costumam ter boa resposta com medicações anti-inflamatórias e podem ter resolução espontânea.

Com a evolução da doença, ataques de gota vão apresentando período intercrítico assintomático cada vez menor e podem evoluir para uma forma poliarticular, na qual o paciente passa a ter dor contínua, de moderada intensidade e acometimento articular assimétrico e com poucos sinais inflamatórios. Nessa fase, os pacientes também podem apresentar o surgimento de tofos, nódulos intra-articulares e subcutâneos resultantes do acúmulo de cristais de MUS nos tecidos. As localizações mais comuns são nas extremidades dos membros, hélice e anti-hélice das orelhas, mas podem desenvolver-se em qualquer região do corpo.

O diagnóstico de certeza da gota é dado pelo exame a fresco do líquido sinovial. Os achados de cristais em forma de agulha, típicos do urato monossódico, especialmente se fagocitados por leucócitos, são ditos patognomônicos da gota.

Por isso, na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico e a análise do líquido sinovial vem como a “cereja do bolo”.

Existem os critérios classificatórios do ACR/EULAR de 2015, porém, como você verá abaixo, não são eles que estavam na mente do examinador ao elaborar essa questão, já que ele é baseado em um sistema de pontuação sem critérios maiores ou menores. Não sabemos se a banca se valeu de critérios antigos ou qual foi a fonte utilizada, mas dê uma passada de olhos nestes critérios para fixar os principais aspectos da gota.

Agora, vamos às alternativas: