GABARITO: ALTYERNATIVA B

Estrategista,

O caminho para validar uma medicação em humanos é sempre o mesmo. Primeiro, o fármaco a ser validado é testado em modelos pré-clínicos, como cultura de células (in vitro) ou cobaias (in vivo), e tem por objetivo avaliar a eficácia da medicação e sua toxicidade.

Caso esses experimentos se mostrem favoráveis ao uso do fármaco, iniciamos a avaliação em humanos, isto é, realizamos os estudos clínicos propriamente ditos. Nesse sentido, temos basicamente quatro tipos de estudos:

Estudos de Fase I: São estudos realizados em voluntários saudáveis para avaliar a segurança da medicação. Nesses estudos, avaliamos a ingestão, a absorção, o volume de distribuição, e outros aspectos da farmacocinética para diversas doses possíveis, determinando assim a dose máxima que pode ser utilizada, sem que ocorra toxicidade. Portanto, as palavras que resumem essa fase é TOLERABILIDADE e SEGURANÇA.

Estudos de Fase II: Caso o fármaco seja aprovado na fase I, prosseguimos com os estudos de fase II, que agora serão realizados em voluntários com a enfermidade (isto é, em pacientes. Lembre-se de que na fase I não eram indivíduos com a doença, e sim voluntários saudáveis). A literatura médica informa que essa fase albergará um máximo de 200 pacientes (1) e avaliará algumas doses, determinando em qual obtemos a eficácia máxima (lembrando que as doses testadas devem estar dentro da faixa de tolerabilidade e toxicidade determinadas pelo estudo de fase I). Geralmente, o desenho epidemiológico é um ensaio clínicos não randomizado. A palavra que resume essa fase é EFICÁCIA.

Estudos de Fase III: Caso o fármaco seja aprovado na fase II, ele será submetido ao famoso estudo de fase III. Nesse tipo de estudo, nós confirmamos a eficácia e a segurança da medicação em um número maior de pacientes (por exemplo, cerca de 1.000 pacientes). O desenho epidemiológico é o ensaio clínico controlado e randomizado. Como esse estudo utiliza pacientes de diferentes hospitais, clínicas e centros de pesquisa, dizemos que ele é multicêntrico (1). Se o estudo de fase III for positivo, procedemos com o registro do fármaco no órgão regulador sanitário (no Brasil, esse órgão é a ANVISA). A palavra que resume essa fase é EFICÁCIA COMPARATIVA.

Estudos de Fase IV: São estudos realizados após a medicação ser aprovada pelo órgão regulador e ser introduzida oficialmente no mercado – em outras palavras, são estudos que ocorrem paralelamente à comercialização do fármaco. O objetivo principal é vigiar o comportamento da medicação na comunidade. Veja bem: antes, a medicação era usada em um ambiente controlado; agora, ela é utilizada “no mundo real”. Como alguns efeitos adversos só ficam evidentes quando aumentamos consideravelmente o número de indivíduos que usam a medicação, é importantíssimo que exista um sistema de farmacovigilância, justamente para monitorar essas novas reações que não foram vistas nas fases anteriores porque o “n” era reduzido. Os estudos de fase IV fazem parte desse sistema, e chegam a atingir a ordem de grandeza de 10.000 ou mais pacientes. O desenho epidemiológico costuma ser observacional, uma vez que o pesquisador apenas observa a população que ingere a medicação. A palavra que resume essa fase é FARMACOVIGILÂNCIA.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária coordena uma rede de farmacovigilância, a qual possui unidades sentinelas que notificam à agência em caso de atendimento de pessoas com reações adversas à medicamentos ou vacinas.

A banca descreve uma fase que utiliza pequenos voluntários sadios. Conforme exposto acima, a única fase que recruta voluntários sem a doença, com o objetivo de avaliar a dose de segurança e toxicidade da medicação, é a fase I.

Estrategista, embora esse conceito não esteja descrito nos livros de epidemiologia, é preciso que você saiba que a literatura médica vem discutindo sobre um quinto tipo de estudo: o ensaio de fase 0.

Esse estudo seria anterior ao de fase 1 e seria responsável pela avaliação inicial da dose terapêutica a ser utilizada. A principal diferença consistiria no fato de que o estudo de fase 0 (ou estudo de microdose ou microdosagem) seria o responsável por estabelecer o primeiro contato do ser humano com aquele fármaco, analisando assim a segurança inicial da medicação no e a farmacocinética. Nesse sentido, caberia ao estudo de fase 1 realizar a escalada da dose, isto é, prosseguir com a análise da farmacocinética, testando várias doses diferentes e estabelecendo a dose máxima de segurança. No entanto, ainda não há concordância sobre essa separação entre os estudos de fase 0 e os de fase 1 (2).