O que o examinador quer saber: sobre cardiotocografia anteparto.

A cardiotocografia anteparto é um método largamente utilizado na prática obstétrica, porém as evidências de que sua utilização reduz a morbimortalidade perinatal são frágeis. Por isso, apesar de fetos não hipóxicos apresentarem boa reatividade cardíaca fetal, com aceleração cardíaca transitória da FCF durante a movimentação fetal, a perda da reatividade cardíaca fetal pode estar associada à hipóxia fetal, mas também pode indicar sono fetal.

A cardiotocografia anteparto pode ser realizada a partir de 26 semanas em fetos com risco de hipóxia. Esse exame pode ser feito em repouso, estimulado ou com sobrecarga (sob estresse).

A cardiotocografia de repouso é o método cardiotocográfico anteparto mais utilizado, pois é um exame não invasivo e de fácil aplicação. Nesse exame, não é feito nenhum estímulo para o feto, que é classificado em reativo e não reativo, a depender da linha de base, variabilidade, aceleração e desaceleração dos batimentos cardíacos fetais.

Feto reativo é aquele com todos os parâmetros cardiotocográficos normais e pelo menos duas acelerações transitórias. Considera-se feto não reativo quando esse critério não é atingido após a avaliação máxima de 40 minutos.

A FM-USP utiliza uma classificação diferente para a cardiotocografia anteparto. Na cardiotocografia de repouso, classifica-se o feto em ativo, hipoativo e inativo, a depender da linha de base, variabilidade, aceleração e desaceleração dos batimentos cardíacos fetais.

Feto ativo é aquele com todos os parâmetros cardiotocográficos normais e pelo menos duas acelerações transitórias. Já o feto hipoativo apresenta pelo menos dois parâmetros normais, e o inativo apresenta apenas um ou nenhum parâmetro normal, ambos sem acelerações transitórias. Linha do tempo

Descrição gerada automaticamente Quando o feto está hipoativo ou inativo, faz-se a cardiotocografia anteparto estimulada, com o objetivo de alterar o estado de sono para vigília fetal, para discriminar os fetos que estão em período de sono daqueles que realmente apresentam hipoxemia. Pode ser oferecido estímulo vibroacústico, com buzina apropriada, ou mecânico, com a movimentação do polo cefálico.

Se o feto responder com aceleração dos batimentos cardíacos > 20bpm por 3min, chamamos de feto reativo; se a resposta for pequena, menor do que 20bpm por menos de 3min, chamamos de hiporreativo; e se não houver resposta, o feto é não reativo.

Resultados anormais indicam maior necessidade de avaliação da vitalidade fetal (com Dopplervelocimetria e perfil biofísico fetal) ou resolução da gestação, a depender da idade gestacional e história clínica da paciente. Outras situações, além da hipóxia fetal, também podem levar à hiporreatividade fetal, como nos casos de anomalias cardíacas e neurológicas, ingestão de drogas, infecção materna, por isso é importante excluir outros diagnósticos diante de um feto hiporreativo antes de indicar a resolução da gestação.

A tabela a seguir resume a interpretação da cardiotocografia anteparto de repouso e com estímulo, conforme os critérios da FM-USP.

CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO DE REPOUSO
Ativo	Hipoativo	Inativo
Todos os parâmetros normais e pelo menos duas acelerações transitórias	Pelo menos dois parâmetros normais	Nenhum ou apenas um parâmetro normal
CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO COM ESTÍMULO
Reativo	Hiporreativo	Não reativo
Aumento da FCF > 20bpm por mais de 3 minutos	Aumento da FCF < 20bpm por menos de 3 minutos	Ausência de aumento dos BCF