Interessante essa questão. Apesar de abordar uma doença pouco comum, ela nos dá todos os elementos para acertarmos o diagnóstico. Temos aqui um paciente jovem, de apenas 27 anos, que se manifesta como sinais neurológicos principalmente motores — como disartria, alteração da marcha, dismetria e tremor — associados a icterícia, hepatomegalia e elevação de transaminases. Os achados sugerem acometimento hepático e neurológico, algo não trivial para a maioria dos diagnósticos diferenciais. A chave para resolver essa questão está no exame oftalmológico: um anel pigmentado acastanhado ao redor da córnea — o clássico anel de Kayser-Fleischer. Como podemos ver melhor na imagem abaixo:

Esse achado é um marcador do acúmulo de cobre nos tecidos e aponta diretamente para a doença de Wilson, uma doença hereditária autossômica recessiva provocada por mutações no gene ATP7B, que codifica uma proteína fundamental para a excreção hepática de cobre. Quando essa via falha, há acúmulo progressivo de cobre no fígado, cérebro (especialmente nos gânglios da base), córnea e outros tecidos. Por isso, os sintomas envolvem manifestações hepáticas (hepatite, cirrose, insuficiência hepática), neurológicas motoras (parkinsonismo, tremor, distonia, ataxia, disartria) e psiquiátricas (alterações de humor, demência precoce, psicose). A presença do anel de Kayser-Fleischer, que representa o depósito de cobre na membrana de Descemet da córnea, não é patognomônica dessa doença, mas é muito característica dessa condição, especialmente quando ocorre em conjunto com sintomas neurológicos.

Vamos agora avaliar as alternativas da questão, já sabendo do diagnóstico mais provável: