GABARITO: ALTERNATIVA C

Quando você lê que o paciente tem disfunção erétil e galactorréia, já dá vontade de nem continuar lendo o resto e marcar prolactina (tanto que é a alternativa A). Calma! Vamos terminar de ver o quadro clínico do paciente: apresenta diabetes, hipertensão, sobrepeso (IMC 26,88 kg/m2), aumento de circunferência abdominal e apneia do sono. Além disso, conta cefaleia e alteração de campo visual; estas duas últimas informações devem te levar a pensar em tumores expansivos em sela túrcica.

Bom, continuando, vemos as fotos, que nos mostram prognatismo (repare que, no perfil, o lábio inferior fica à frente do superior), aumento de lábios e nariz, acentuação do sulco nasolabial, aumento da fronte e engrossamento de extremidades (“dedos em salsicha”). Visto isto, a hipótese diagnóstica mais provável que contenha alterações metabólicas, cefaleia e alteração de campo visual, associadas ao aumento de extremidades e de estruturas faciais (lábios, nariz e ossos) é a acromegalia. Podem estar presentes hiperidrose, artralgia e papilomas cutâneos (que se relacionam com a presença de pólipos colônicos).

Geralmente, o diagnóstico de acromegalia é tardio, podendo levar em torno de 10 anos para ser feito. A maior parte dos casos é decorrente de adenoma pituitário secretor de hormônio do crescimento (GH), que estimula a produção de IGF-1 (insulin growth factor- 1). Cerca de 30% dos pacientes podem apresentar hiperprolactinemia associada. Em 80% dos casos, a lesão é um macroadenoma (>10mm), podendo ocasionar sintomas compressivos (cefaleia, hemianopsia temporal bilateral por compressão do quiasma óptico). O diagnóstico é realizado através das dosagens de GH e de IGF-1. Devemos ter cuidado na interpretação do GH, pois ele é pulsátil e pode vir normal até mesmo em indivíduos com acromegalia. Já o IGF-1 não sofre oscilações, sendo o melhor exame para o diagnóstico.

Justificativa da alternativa (D): a testosterona não se relaciona com o quadro clínico exposto. Em geral, há aumento de massa muscular e de força, virilização, alopécia androgênica, aumento de volume prostático (com maior risco de câncer de próstata), eritrocitose (o sangue fica mais denso, com hematócrito > 55%), aumento do risco de tromboembolismo venoso, hipertrofia cardíaca e pode estar relacionado à piora da aterosclerose.