Questão
RS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA)
2007
Residência (Acesso Direto)
Jovem-15-anos-vem-por1827689f7b6
Jovem de 15 anos vem, por iniciativa própria e sozinho, ao consultório, referindo prostração, sonolência excessiva e perda de peso. Os sintomas, iniciados nos últimos meses, se intensificaram prejudicando seu desempenho escolar, que sempre foi bom até os 10 ou 11 anos. Tinha muitos amigos, porém aos poucos foi preferindo ficar mais em casa. Seus pais se separaram há 2 anos. Mora com a mãe, que trabalha durante o dia e estuda e estuda à noite. Nos últimos meses, nos poucos momentos em que saiu com amigos, abusou de bebidas alcoólicas. Tem pensado em morte e até em se matar, deixando claro que já sabe de que forma fazê-lo e onde estão os instrumentos para o ato. Quando o médico expõe ao paciente que ele está deprimido e aborda a necessidade de contar aos pais sobre o que está acontecendo, o paciente muda de postura: não aceita que seus problemas pessoais sejam comentados com os pais e passa a tentar amenizar as informações que foram dadas dizendo que é “bobagem” e que está bem. Com base neste caso, qual a conduta preconizada?
A
Por serem sigilo e privacidade pontos fundamentais no manejo do adolescente, o médico deve amenizar o tom da conversa para garantir que ele retorne ao consultório para ser acompanhado, nada informando à família.
B
Objetivando garantir que o paciente retorne para acompanhamento, o médico deve dizer a ele que nada comunicará à família. No entanto, tão logo ele saia da consulta, fará contato com a mãe e explicará a gravidade do caso, expondo a conduta a ser tomada e solicitando que seja mantido absoluto sigilo sobre o contato feito. Desta forma, estará garantindo o retorno do paciente e a proteção familiar necessária.
C
Conversando com o paciente, o médico deverá mostrar que, apesar de o sigilo ser um direito, frente ao diagnóstico, ele não só está autorizado como deve comunicar aos pais para incluí-los no suporte terapêutico. Usando de firmeza, o médico exporá seus motivos e negociará apenas a forma como essa comunicação será feita à família.
D
Considerando que o paciente procurou espontaneamente atendimento, o médico deverá deixar claro o diagnóstico de depressão e indicação absoluta de procurar atendimento psiquiátrico. Não comunicará essa orientação à família e encerrará a consulta dando-lhe indicações de colegas da área e deixando aberta a possibilidade de retorno sempre que quiser.
E
Com a mudança de postura do paciente, o médico, percebendo que a história pode ter muito exagero e fantasia, condutas típicas dos adolescentes na fase média, deverá reavaliar sua hipótese diagnóstica de risco de suicídio, optando por investigar aspectos clínicos. Solicitará exames e aguardará o retorno do paciente para observar melhor seu comportamento.