Júlio, 37 anos de idade, é formado em administração de empresas, perdeu o emprego há 8 meses, não consegue inserção no mercado de trabalho e isso tem causado tensão na relação conjugal. Neiva, sua esposa, tem feito cobranças ao marido, que, muitas vezes, sente-se fracassado. Eles têm dois filhos, Diego e Miguel, de 12 e 10 anos, que precisaram se mudar de uma escola privada para escola pública. Júlio é o filho mais próximo dos seus pais, apesar de ter outros dois irmãos que vivem em cidades distantes. Seu pai, Antônio, é etilista e tem sido agressivo com a sua mãe, Dalva, que possui história de depressão. Ainda assim, Júlio mantinha algum contato com poucos amigos do bairro nas rodas de conversas e saía algumas vezes para brincar com os dois filho. Nas última semanas, Júlio passou a sentir-se cansado, sem motivação, perdeu o apetite, deixou de conversar com os amigos e isolou-se da própria família, sendo que, na última semana, passou a maior parte do tempo dormindo com episódios de choro, sentimento de tristeza e perda do interesse pelas atividades que costumeiramente fazia. Neiva, preocupada com a situação do esposo, marcou uma consulta com Dr. Jorge, na unidade de saúde do bairro.
RUBINSTEIN e TERRASA. Medicina familiar y práctica ambulatória. 2. ed. Buenos Aires: Panamericana, 2006. p. 321-22 (traduzido)
Considerando a situação descrita, avalie as assertivas abaixo no que tange à relação médico-paciente.
I. Uma vez que Júlio encontra-se melancólico com as consequências da perda do trabalho, antes de tudo, o correto é medicá-lo com um ansiolítico e agendar uma consulta em 30 dias para reavaliação.
II. Deve-se escutar Júlio, ter uma postura otimista em relação à sua situação, propondo-lhe que não tome decisões que impliquem mudanças duradouras ou muito importantes nesse período mais agudo.
III. Deve-se buscar compreender a perspectiva de Júlio sobre o mundo, utilizando linguagem apropriada, resgatando o que ele tem de razão, explicando que as autocríticas e reprovações pelas coisas que não consegue realizar se devem à sua doença.
IV. Deve-se informar a Júlio que o tratamento leva tempo, encorajando-o que, em breve, ele estará melhor e será capaz de superar os problemas que a vida lhe está impondo, e que uma caminhada curta todo dia o ajudará a melhorar.
V. Antes de começar o tratamento, o médico precisa avaliar a sua capacidade de dispensar atenção a Júlio. É conveniente que tenha disponibilidade para supervisionar o caso, pois o paciente necessita de escuta.
É correto apenas oque se afirma em