M A, 55 anos, chega à Unidade Básica de Saúde do seu bairro, referindo dor crônica no corpo todo, com mais intensidade na região cervical, braços e pernas. Refere fraqueza, desânimo e que não consegue dormir. Tem o sono leve. Quando dorme, acorda com pesadelos. Refere cefaleia e tem medo de ter um derrame (sic). É mãe de dois filhos e uma filha. - "O mais novo, de oito anos, voltou a fazer xixi na cama e não está indo bem na escola. Minha filha anda muito esquisita, só quer ficar trancada no quarto, chora muito e não come. Minha sogra, de 85 anos, mora em casa, é acamada e eu cuido dela sozinha. Meu marido está desempregado há dois anos, vive de empreita e está bebendo muito. Gostaria de fazer uma tomografia da cabeça para saber se não estou com alguma doença no cérebro". Perguntada sobre os hematomas que ela tem no braço, respondeu que caiu e bateu com o corpo na mesa. "Não é nada, já passou". Depois de ouvir a história e examinar Maria Antônia, o Dr°. Gabriel Faria de Mattos, solicitou uma tomografia, a encaminhou para a psiquiatria, com a justificativa de "poliqueixosa" e sintomas depressivos. Receitou ciclobenzaprina, para o tratamento de fibromialgia. Pesquisa realizadas por Schraiber, L.B. et al, sobre violência contra mulheres entre usuárias de saúde da Grande São Paulo (2007), encontrou 52,9% de mulheres entre 15 a 49 anos referindo alguma forma de violência doméstica. No entanto, das que relataram ter sofrido alguma violência doméstica na vida, somente 3,8% tiveram registros em seus prontuários. Baseado nesta história real, nos dados da pesquisa, nos princípios e diretrizes da Atenção Básica, na Portaria Ministerial que trata das doenças, agravos e eventos de notificação compulsória, escolha a alternativa que aponta o que não foi considerado e negligenciado na consulta feita pelo profissional da Atenção Primária.
Questão
SP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP (Hospital de Base de São José do Rio Preto - HB)
2024
Residência (Acesso Direto)
M-55-anos-chega-a30977cd45b4
A
Longitudinalidade do cuidado, universalidade, humanização, equidade, cuidado centrado na pessoa, identificação do risco e não notificação da violência doméstica, caso houvesse confirmação.
B
Coordenação do cuidado, cuidado centrado na pessoa, resolutividade, participação da comunidade, humanização, equidade. Quanto à notificação, somente é obrigatória em casos de doenças, ou quando a violência acomete crianças e idosos e, no caso de mulheres, quanto for sexual ou caracterizar feminicídio.
C
Integralidade, cuidado centrado na pessoa, resolutividade, intersetorialidade, coordenação de cuidado, apoio matricial e não notificação da violência doméstica, caso houvesse confirmação.
D
O médico tomou a conduta certa, uma vez que ele pediu os exames necessários para afastar lesão cerebral, encaminhou para o psiquiatra e tratou a fibromialgia (principal hipótese diagnóstica). Quanto à notificação, só deve ser feita em caso de violência com registro de ocorrência na delegacia.