GABARITO: CERTO

A questão exige conhecimentos sobre concordância verbal, que trata da variabilidade de adequação do verbo ao número e à pessoa do sujeito. A regra geral estabelece que o verbo precisa concordar com o sujeito, mais especificamente com o núcleo desse sujeito, que será representado por um substantivo (ou termo substantivado) ou por um pronome. Nesse sentido, é importante observar que o núcleo do sujeito jamais estará precedido de preposição.

Embora existam regras específicas de concordância aplicáveis a casos particulares, o passo inicial, e indispensável, é sempre a identificação do sujeito. Isso porque as bancas examinadoras, principalmente o Cebraspe, frequentemente, se utilizam da estratégia de afastar o verbo de seu sujeito com o intuito de dificultar a análise do candidato, por isso é fundamental manter-se atento.

Para descobrir qual é o sujeito, temos que lembrar que o sujeito é o termo da oração sobre o qual se diz algo, geralmente o que pratica a ação do verbo. Ele responde à pergunta “Quem?” ou “O que?” antes do verbo na frase (“Ana comprou um livro.” – Quem comprou um livro? Ana – SUJEITO). Já o objeto direto é o termo que recebe diretamente a ação do verbo, sem a necessidade de preposição. Ele responde à pergunta “O que?” ou “Quem?” em relação à ação verbal (“Ana comprou um livro.” – O que Ana comprou? um livro – OBJETO DIRETO).

A partir disso, vamos ao caso apresentado:

“Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas, por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras.”

Aqui, é importante lembrar que os verbos “ter”, “vir” e seus derivados recebem acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo, por exemplo: elas têm, eles vêm, eles mantêm, eles intervêm...

Com base nisso, é possível confirmar que a forma verbal destacada encontra-se, de fato, no plural. O próximo passo é identificar o sujeito desse verbo. Aqui, cumpre notar que o termo “se” atua como um pronome apassivador, construindo uma voz passiva sintética com o verbo transitivo direto “manter”. Em construções com voz passiva, o verbo deve concordar com o sujeito paciente, isto é, aquele que sofre a ação expressa pelo verbo.

Então, quem sofre a ação de ser mantido? “A lei e a propriedade”. Como esse sujeito paciente é composto por dois núcleos coordenados, o verbo “manter” deve ser flexionado no plural para concordar com ambos, o que torna o item correto.

Para confirmar, podemos reescrever a oração na voz passiva analítica, o que evidencia mais claramente a concordância verbal:

“Não seria nobre, mas, por ser instrumento da força com que a lei e a propriedade são mantidas, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras.”