Procurou assistência médica uma paciente de 25 anos de idade, que apresentava dispneia aos médios esforços e edema nos membros inferiores, o qual ficava mais acentuado no final da tarde. Ela tinha histórico de amigdalites de repetição. No exame físico, constatou-se pressão arterial de 110 mmHg x 70 mmHg, frequência cardíaca de 92 bpm, saturação de oxigênio = 93% (ar ambiente) e presença de estertores inspiratórios em terço inferior de ambos os hemotórax, à ausculta pulmonar. O exame cardiovascular evidenciou pré-cordio calmo, ictus cordis visível e palpável no 5° espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular esquerda, e discreta impulsão no terço inferior da região esternal (no sentido craniocaudal). A ausculta cardíaca mostrou ritmo cardíaco regular em 2 tempos, hiperfonese da primeira bulha em área mitral, na qual, também, foi constatada a presença de sopro diastólico (tipo ruflar) - grau 3 de Levine - seguido de esforço pré-sistólico e de ruído de abertura da mitral, e discreta hiperfonese da segunda bulha em área pulmonar. O abdome apresentava-se livre e sem visceromegalias. O edema era mole, frio, indolor, com sinal de Godet presente, e observado nos dois terços inferiores de ambas as pernas. Foi realizado eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações. Considerando esse caso clínico, julgue o item subsecutivo.
Com base nas manifestações clínicas observadas, ao pedir o ECG, o médico já deverá inferir que devem estar presentes as seguintes alterações eletrocardiográficas: eixo elétrico do complexo QRS desviado para a esquerda (acima de -30°); onda P na derivação D2, com duração normal apiculada, com aumento de sua amplitude que indique sobrecarga atrial esquerda; complexo QRS com aumento de tempo de ativação (deflexão intrinsecoide); e aumento de amplitude (>30 mm) nas derivações do plano horizontal, o que indica sobrecarga ventricular esquerda.