GABARITO: ALTERNATIVA D

O Bypass Gástrico em Y de Roux é o procedimento padrão-ouro no tratamento da obesidade grave, pois permite uma perda de aproximadamente 70% do excesso de peso em dois anos, sustentada cinco anos após o procedimento, além da remissão ou cura de até 96% das comorbidades, em especial o diabetes mellitus tipo 2, sem o risco de complicações nutricionais que ocorrem após os procedimentos predominantemente disabsortivos. Os efeitos metabólicos são independentes da perda de peso, e devem-se, em parte, às modificações hormonais promovidas no trato gastrointestinal. Estudos demonstraram que a resolução do diabetes começa imediatamente após a cirurgia e pode ser parcialmente relacionada aos fatores entéricos que regulam o metabolismo da glicose. Além do diabetes, síndrome metabólica é curada ou amenizada após a realização do BGYR, o mesmo ocorrendo com hipertensão arterial, apneia obstrutiva do sono, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, doença hepática gordurosa não alcóolica, sintomas de pseudotumor cerebral e úlceras venosas de difícil tratamento clínico. A resolução imediata dos sintomas da doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE) ocorre em mais de 90% dos casos. A bolsa gástrica extremamente pequena representa um reservatório limitado para manter o suco gástrico, e a cárdia é uma área gástrica de baixa produção ácida.

Em dezembro de 2017, o Conselho Feral de Medicina (CFM) normatizou, através da resolução número 2.172, que a cirurgia metabólica indicada para pacientes com DM2 se dará, prioritariamente, por Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR). Somente em casos de contraindicação ou desvantagem do BGYR, a gastrectomia vertical será a opção disponível. Nenhuma outra técnica cirúrgica é reconhecida para o tratamento destes pacientes no Brasil.

Os procedimentos que não promovem alterações hormonais - ou seja, as técnicas única e exclusivamente restritivas, como a banda gástrica ajustável e o balão intra-gástrico - apresentam menor perda ponderal a longo prazo e não apresentam a mesma eficácia na resolução do diabetes. Mas o que faz com que o BGYR seja tão eficaz para tratamento da diabetes? O bypass gástrico é uma técnica cirúrgica que consiste na criação de uma pequena bolsa gástrica, associada à derivação jejunoileal. É considerada uma cirurgia hormonioincretínica, pois ocorre diminuição de grelina (produzida no fundo gástrico, que é excluído do trânsito alimentar no procedimento) e aumento de GLP-1 (produzido no íleo, em resposta à chegada mais rápida de alimentos nessa porção). A diminuição da grelina, associada ao aumento de GLP-1, promove maior sensação de saciedade e diminuição de apetite. O GLP-1 também melhora a função das células beta pancreáticas, aumentando a secreção de insulina e, assim, em conjunto com a menor ingesta calórica, promove controle do quadro glicêmico precocemente, ainda que o paciente não tenha perdido peso de forma significativa. A gastrectomia vertical (GV) também apresenta redução nos níveis de grelina, pois o fundo gástrico é removido nesta operação, mas os procedimentos que apresentam by-pass intestinais são mais eficientes em promover aumento do GLP-1. Ainda assim, a GV apresenta excelentes índices de resolução do diabetes e de outras comorbidades associadas e é o procedimento de segunda escolha nestes pacientes.