GABARITO B

Estrategista, a febre amarela é uma arbovirose, ou seja, transmitida por insetos. Há dois ciclos de transmissão: o silvestre e o urbano.

No ciclo silvestre, primatas não humanos são os principais hospedeiros, e a transmissão ocorre por meio de picadas de mosquitos fêmeas dos gêneros Haemagogus e Sabethes. A infecção de humanos é considerada acidental e ocorre quando o indivíduo sofre picada de insetos infectados em área de transmissão (geralmente, zona de mata nativa). Já no ciclo urbano, seres humanos são os principais hospedeiros (não há a participação de primatas não humanos), e o vetor primário é o mosquito Aedes aegypti. As manifestações clínicas da doença são semelhantes no ciclo urbano e silvestre. No Brasil, o ciclo urbano não é detectado desde 1942! Portanto a propagação da febre amarela só ocorre por meio do ciclo silvestre no Brasil.

O espectro clínico da febre amarela é amplo: pode causar desde infecções assintomáticas até quadros gravíssimos e fulminantes. Cerca de metade dos casos não apresenta sintomas, e 20 a 40% dos infectados desenvolverão a forma grave. Considerando que a febre amarela pode ocorrer em surtos, é uma doença que pode sobrecarregar subitamente os serviços de saúde de uma região acometida.

A febre amarela é conhecida por ser uma doença bifásica. O que significa isso? A primeira fase é conhecida como período de infecção. Nesse momento, surgem subitamente sintomas como febre elevada com calafrios, mal-estar, prostração, cefaleia, mialgia, náuseas e vômitos.

Também já pode estar presente o sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura, ou seja, a presença de bradicardia relativa durante um episódio de febre).

Após 2 a 4 dias, o período de infecção dá lugar ao período de remissão. O paciente passa a sentir-se melhor, com redução da febre e da intensidade dos sintomas. Após o período de remissão (que dura entre 6 e 48 horas), a doença pode evoluir para cura ou para o período toxêmico (fase grave da doença).

O período toxêmico é marcado pelo retorno da febre e pelo surgimento de icterícia e sangramentos. Um dos aspectos fisiopatológicos mais relevantes desse período é a insuficiência hepatorrenal, que se manifesta por meio de oligúria/anúria, albuminúria e icterícia. O quadro hemorrágico é marcante: hematêmese, hematúria, melena, epistaxe, sangramento gengival ou do sítio de punção venosa são frequentes.

O tratamento da febre amarela baseia-se em controle dos sintomas e hidratação, além de terapia de suporte em casos graves. Não há antiviral eficaz para o tratamento de febre amarela.