O que o examinador quer saber: sobre prevenção de pré-eclâmpsia.

A principal forma de identificar as gestantes com risco de desenvolver pré-eclâmpsia é por meio da avaliação dos fatores de risco. Considera-se gestação de alto risco para desenvolver pré-eclâmpsia quando há um único fator de risco alto ou dois fatores de risco moderados:

A identificação de gestantes com alto risco para desenvolver pré-eclâmpsia e a realização de medidas para a sua prevenção ao longo do pré-natal é fundamental para se diminuir a ocorrência dessa patologia, principalmente as suas formas graves.

Em 2025, o Ministério da Saúde passou a orientar a suplementação de cálcio para todas as gestantes para prevenção de pré-eclâmpsia. Anteriormente, a suplementação de cálcio era feita somente para gestantes de alto risco para desenvolver pré-eclâmpsia e com baixa ingesta de cálcio. Como no Brasil a ingesta de cálcio é muito baixa na população e a pré-eclâmpsia é a principal causa de morte materna, passou-se a orientar a suplementação cálcio para todas as gestantes, independente do risco.

Sendo assim, a suplementação de cálcio deve ser feita de maneira universal a partir de 12 semanas de gestação, na dose de 1000mg de cálcio elementar por dia, até o parto. Como cada comprimido de carbonato de cálcio de 1250 mg contém 500 mg de cálcio elementar, é necessário dois comprimidos de carbonato de cálcio ao dia para atingir a dose recomendada de suplementação.

A ingestão concomitante de ferro e cálcio deve ser evitada, sendo necessário o intervalo mínimo de 2 horas entre a ingestão dessas vitaminas. Além disso, o cálcio não deve ser ingerido em jejum e com alimentos ricos em fitato e ferro. Portanto, orienta-se ingerir o cálcio no período da noite, com um copo de leite ou frutas.

Em gestantes com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia, tanto pelo rastreamento combinado no primeiro trimestre como pela avaliação dos fatores de risco maternos isolados, a prevenção primária consiste na administração de aspirina (ácido acetilsalicílico) em baixa dose (100-150 mg) à noite, diariamente a partir de 12 semanas, podendo ser iniciada em até 20 semanas, mas preferencialmente até 16 semanas, sendo mantida até as 36 semanas de gestação. O uso de baixa dose de aspirina antes de 20 semanas de gestação diminuiu o risco de pré-eclâmpsia, principalmente a pré-eclâmpsia precoce (< 34 semanas), e de restrição de crescimento fetal em gestantes de alto risco. Lembre-se de que é preciso suspender o AAS caso a paciente evolua para pré-eclâmpsia.

A suplementação de cálcio nas gestantes de alto risco deve ser feita na dose de 1500mg a 2000mg /dia de calcio elementar, desde o início do pré-natal até o parto.

Não existe evidência de que a suplementação de vitamina C, D, E, óleo de peixe, ácido fólico e restrição de sal possam reduzir o risco de pré-eclâmpsia.

Além disso, o uso de heparina de baixo peso molecular não está indicado para a prevenção da pré-eclâmpsia, pois essa medida não reduz o risco dessa patologia.

 No fluxograma abaixo, está resumida a profilaxia da pré-eclâmpsia para que você memorize bem esse assunto.