Gabarito: alternativa C.

COMENTÁRIO – BRUNO FERRAZ – CARDIOLOGIA / TEMA: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

A digoxina é um inibidor da bomba Na-K-ATPase. Apresenta um efeito inotrópico positivo, pois aumenta os níveis de cálcio intracelular. Além disso, possui ação colinérgica que promove um aumento do tônus vagal, reduzindo a frequência cardíaca. Sendo assim, é uma boa droga a ser utilizada em situações de taquicardia. Por fim, tem ação arritmogênica devido ao acúmulo de cálcio intracelular.

Devemos considerar o uso de digoxina em pacientes com ritmo sinusal e IC sintomática visando reduzir o risco de hospitalizações. O efeito da digoxina em pacientes com IC e fibrilação atrial (FA) não foi estudado em grandes estudos. Alguns estudos menores sugerem maior risco de eventos (morte e hospitalização) em pacientes com FA em uso de digoxina. No entanto, esse resultado é controverso. Assim, restringiremos o uso da digoxina na FA somente aos casos de alta resposta ventricular, visando um controle de frequência adequado.

A faixa terapêutica é muito estreita e deve ser utilizada com cautela. Os principais efeitos colaterais são: sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos), neurológicos (alterações visuais, confusão mental), arritmias atriais, ventriculares e bloqueios atrioventriculares. Muito cuidado em pacientes com insuficiência renal! Sempre que houver suspeita de intoxicação digitálica, devemos solicitar o nível sérico de digoxina. A dose preconizada é de 0,125 – 0,375mg por dia. Existem formulações venosas que podem ser utilizadas no ambiente hospitalar. Uma forma de “proteger” o paciente da intoxicação é manter o nível sérico de potássio e magnésio mais elevado. A intoxicação digitálica gera sinais eletrocardiográficos bem típicos, como o entalhe do segmento ST com morfologia similar ao bigode de Salvador Dali.