A dor originada nas vísceras pode ser percebida em um local distante do órgão afetado. A dor referida geralmente está localizada nos dermátomos cutâneos, compartilhando o mesmo nível da medula espinhal das entradas dos nervos aferentes viscerais. A radiação da dor pode fornecer informações sobre o diagnóstico. Como exemplo, as entradas nociceptivas da vesícula biliar entram na medula espinhal em T5 a T10. Assim, a dor da vesícula biliar inflamada pode ser percebida na região subescapular ou ombro direito. Da mesma forma, a dor da ureterolitíase pode ser referida no escroto ou grandes lábios.

DOR VISCERAL: mal localizada, difusa, lenta, vaga e imprecisa, devido, em grande parte, à pouca quantidade de fibras aferentes viscerais. Os nociceptores da dor visceral se localizam no parênquima e cápsula dos órgãos sólidos, superfícies serosas, na parede das vísceras ocas e no mesentério. A dor é transmitida predominantemente por fibras aferentes viscerais, que são fibras do sistema nervoso autônomo não mielinizadas do tipo C de condução lenta, geralmente acompanhada de resposta vagal (hipotensão, bradicardia, sudorese). Os estímulos que produzem a dor visceral incluem, distensão, tração, isquemia, torção, contração rápida e violenta das vísceras.

DOR PARIETAL: é mais aguda, rápida e localizada próximo ao ponto onde ocorre a estimulação dolorosa, na parede abdominal. Isquemia, inflamação ou alongamento do peritônio parietal produzem dor parietal. Os nociceptores da dor somática localizam-se no peritônio parietal e na raiz do mesentério. Os estímulos da dor parietal decorrem da irritação direta do peritônio parietal e são transmitidos por fibras somáticas mielinizadas do tipo A delta, de condução rápida, para os gânglios da raiz dorsal específicos do mesmo lado e nível dermatomal da origem da dor, mais exatamente localizada nos segmentos de T6 a L1. A dor da descompressão brusca dolorosa é por irritação do peritônio parietal, logo, é uma dor bem definida, somática. Os órgãos viscerais não são inervados com fibras dolorosas somáticas, por isso o exame físico pode não ser revelador nos estágios iniciais dos processos inflamatórios abdominais.