O que o examinador quer saber: sobre síndrome dos anticorpos antifosfolípides.

A Síndrome dos Anticorpos Antifosfolípides (SAF) é uma condição caracterizada por um estado de hipercoagulabilidade causado por autoanticorpos trombogênicos. Esses autoanticorpos podem desencadear eventos tromboembólicos, afetando tanto veias quanto artérias, além de estar associados a perdas fetais recorrentes, como aborto espontâneo de repetição, natimortalidade , restrição de crescimento fetal (RCF), formas graves e precoces de pré-eclâmpsia grave , prematuridade e descolamento prematuro de placenta .

Para o diagnóstico de SAF a paciente deve apresentar um ou mais critérios clinicos associados a um ou mais critérios laboratoriais, em dois exames com intervalo minimo de 12 semanas entre eles. É importante destacar que o intervalo entre o evento clínico e o marcador laboratorial não pode ser inferior a 12 semanas nem superior a 5 anos.

Além disso, títulos baixos de anticorpos aCL devem ser interpretados com cautela, pois podem ocorrer em gestantes normais que não preenchem os critérios para SAF e não apresentam risco trombogênico significativo. Esses títulos baixos podem surgir de forma transitória após infecções, traumas, tromboses de outras causas, uso de medicamentos e devido à própria gravidez.

As gestantes com SAF devem fazer uso de heparina de baixo peso molecular ( enoxaparina) e ácido acetilsalicílico (aspirina). O uso das duas medicações deve ser iniciado a partir do B-hCG positivo. A dose de aspirina deve ser de 100 a 150 mg ao dia até 36 semanas. A dose de de HBPM vai depender do historico de trombose venosa ou arterial. Nas gestantes com antecedente de trombose a dose de HBPM é de 1mg/kg de 12 em 12h. Se a trombose ocorreu durante a gestação, a gestante deve manter a enoxaparina por 6 meses após o parto, completando pelo menos 3 meses de tratamento. Para as gestantes sem histórico de trombose, utiliza-se a dose profilatica de enoxaparina ( 40 mg/dia).

A HBPM deve ser suspensa 12 a 24h antes do parto para ser possível a realização de raquianestesia ou peridural. A via de parto é de indicação obstetricia e não há contraindicação ao parto vaginal e nem a indução do parto. A heparina deve ser retomada 8 a 12 horas após o parto, devendo ser mantida por até 6 semanas após o parto. Se o evento tromboembolico ocorreu durante a gestação, a puerpara deve permanecer anticoagulada por 6 meses após o parto. A amamentação está liberada durante o uso de heparina ou anticoagulantes orais ( warfarina).