GABARITO: ALTERNATIVA C

A síndrome nefrótica representa uma das possíveis manifestações clínicas de doenças glomerulares e se caracteriza por perda de grandes quantidades de proteína na urina. É definida pela presença de três critérios associados: proteinúria em níveis nefróticos (proteinúria > 3,5 g em 24 horas em adultos e > 50 mg/kg/dia em crianças), albumina sérica reduzida ( Albumina < 3,5 g/dL em adultos e < 2,5 g/dL em crianças) e edema (habitualmente de membros inferiores e face). O nível de disfunção renal e risco de evolução para doença renal crônica terminal depende da etiologia do quadro. No entanto, a despeito do risco de perda de função renal, a síndrome nefrótica por si só acarreta uma série de consequências metabólicas e clínicas. Dentre elas, destaca-se:

- Estado de hipercoagulabilidade: a perda urinária de antitrombina III associada ao aumento da produção hepática de fibrinogênio, fator V e Fator VIII e ativação plaquetária exacerbada leva os pacientes nefróticos a um estado de hipercoagulabilidade, com incidência de complicações tromboembólicas elevada em relação a população normal.

- Risco aumentado para infecções: o risco aumentado para infecções envolve principalmente as bactérias encapsuladas, sendo o Pneumococo a mais envolvida. Peritonite e celulites causadas pelos estreptococos Beta-hemolíticos são comuns. Este risco aumentado tem etiologia multifatorial: acúmulos de líquido (ascite, por exemplo) funcionam como meios de crescimento bacteriano; fragilidade cutânea dos pacientes nefróticos, facilitando porta de entrada; perda urinária de Imunoglobulina IgG e fator B do complemento, essenciais para eliminar bactérias encapsuladas como o Pneumococo; perda urinária de Zinco e Transferrina, necessários para o funcionamento dos linfócitos.

- Outras: ocorre perda urinária da proteína ligante da vitamina D (25- hidroxivitamina D, forma não ativa). A forma ativa da vitamina D (calcitriol) tem a função de estimular a absorção intestinal e a reabsorção tubular renal de cálcio, uma redução de seus níveis pode gerar hipocalcemia. Como o nível sérico do calcitriol costuma ser preservado, é pouco comum o desenvolvimento de hipocalcemia nestes pacientes. De forma semelhante, há perda da proteína ligante da tiroxina (TBG), reduzindo os niveis totais de T4 (tiroxina), sugerindo uma falsa hipofunção tireoidiana, uma vez que os níveis de T4 livre e TSH costumam ser preservados.

Vamos avaliar as alternativas.