Assim como sentimos o peso de envelhecer, não é diferente com as células do nosso corpo. Pacientes idosos têm maior risco de terem atraso na cicatrização: esse risco começa na pele.

A epiderme dos pacientes mais idosos apresenta uma diminuição da proliferação dos queratinócitos, a derme apresenta menor proporção de fibroblastos, macrófagos e mastócitos, a vascularização é menor e temos menor presença de colágeno e glicosaminoglicanos. Além disso, a pele perde elasticidade pela alteração quantitativa e qualitativa do colágeno

As principais vitaminas associadas com a cicatrização são a VITAMINA C (ácido ascórbico) e VITAMINA A (ácido retinóico), sendo que a deficiência de vitamina C é a principal hipovitaminose associada a falha na cicatrização. Vamos começar por ela.

A deficiência de vitamina C é conhecida como ESCORBUTO. A falta da vitamina C afeta a síntese e reticulação do colágeno, já que ela é necessária para a conversão da lisina e prolina em hidroxilisina e hidroxiprolina, respectivamente. Além deste efeito principal, a deficiência da vitamina C está associada a um aumento na incidência de infecção de sítio cirúrgico, devido ao funcionamento anormal dos neutrófilos, diminuição da atividade do complemento e, como vimos, pela diminuição da deposição do colágeno. Para reverter seus efeitos, é sugerido a suplementação com 10-60 mg/dia.

Para explicar o efeito da deficiência da vitamina A, é melhor explicar os seus efeitos na cicatrização das feridas. Ela aumenta a resposta inflamatória pela labilidade da membrana dos lisossomos. Além disso, há o aumento do influxo dos macrófagos e ativação e aumento da síntese do colágeno.

Menos badalada, a deficiência de vitamina B2 (riboflavina) afeta a concentração de colágeno na matriz extracelular, o que interfere diretamente na fase de contração da ferida, diminuindo sua força tênsil.

O uso de radiação ionizante se tornou uma importante ferramenta no tratamento oncológico; por isso, é importante reconhecermos como seu uso pode afetar a cicatrização das feridas.

Ela exerce seu maior efeito nas células que se dividem rapidamente. Assim, ela afeta os queratinócitos e fibroblastos, prejudica a epitelização e afeta a formação do tecido de granulação.

No efeito inicial da radiação, a fase inflamatória e a fase proliferativa são afetadas, podendo ser interrompidas pela ação da radiação.

Os efeitos colaterais iniciais incluem eritema, descamação seca, hiperpigmentação cutânea e perda de cabelo local. Os efeitos tardios incluem atrofia cutânea, secura, telangiectasia, discromia, despigmentação, fibrose e ulceração (Sabiston, 20ª edição).