Incorreta. A intoxicação pela forma metálica é a mais comum entre os trabalhadores, uma vez que o mercúrio é um metal líquido em temperatura ambiente, mas que volatiza facilmente formando vapores que, por sua vez, serão inalados pelo trabalhador. Provavelmente, a trabalhadora citada nessa questão inalou esses vapores por muito tempo, principalmente porque são justamente os vapores de mercúrio que são utilizados nas lâmpadas fluorescentes. Essa intoxicação também é conhecida como mercurialismo crônico ou hidrargirismo (Hg porque é o símbolo do Mercúrio). Ah, essa é a forma química mais comum de intoxicação entre os garimpeiros também, já que eles manipulam o mercúrio líquido para formar amálgamas com o ouro (e com essa manipulação, acabam inalando os vapores também).

A intoxicação pelo mercúrio inorgânico é menos comum e está relacionada a ingestão dos sais de mercúrio, seja por autoextermínio ou de forma acidental.

Por fim, a intoxicação pelo mercúrio orgânico está mais relacionada à exposição ambiental. Esse é um problema que infelizmente vem acontecendo na Região Norte do país. O garimpo vem avançando em toda aquela região e o mercúrio líquido utilizado acaba contaminando o solo, os rios e toda a bacia hidrográfica.

Por sua vez, esse mercúrio é absorvido por plantas, especialmente as que estão nos rios, e é biotransformado em metilmercúrio. Os peixes da base da cadeia alimentar se alimentam dessas plantas e, uma vez que o mercúrio entra na cadeia alimentar, ele vai se acumulando progressivamente ao longo dos peixes da cadeia, em um fenômeno conhecido como magnificação trófica.

Quando a população ribeirinha consumir os peixes que estão no topo da cadeia alimentar, acabará se contaminando com o metilmercúrio, que tem absorção rápida pelo trato gastrointestinal e se deposita diretamente no sistema nervoso central, causando alterações neurológicas importantes como alterações comportamentais, distúrbios da marcha e da fala, entre outros. Esse espectro de intoxicação pelo mercúrio é conhecido como Doença de Minamata e foi descrito pela primeira na década de 60 no Japão.