GABARITO: ALTERNATIVA D

A Hepatite C é uma infecção viral, de transmissão parenteral, com maior risco através da transfusão de sangue e hemoderivados até o início da década de 1990, quando se tornou obrigatória a testagem nos bancos de sangue. Nos últimos 20 anos, a principal forma de contaminação é a partir do uso de drogas endovenosas e inalatórias.

Outras formas de contágio descritas são através do compartilhamento de objetos cortantes contaminados, como alicate de cutícula, lâminas de barbear ou instrumentos para tratamento odontológico, hemodiálise, quando não há a correta troca de filtros, via sexual e perinatal. Ainda assim, cerca de 40-50% dos casos permanecem com epidemiologia desconhecida.

Hepatite aguda sintomática é rara (até 20%), sendo mais comum identificar o vírus já em sua fase crônica. Há risco de evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). Importante: diferente da hepatite B, a hepatite C é fator de risco para o aparecimento de CHC apenas quando há fibrose avançada/cirrose.

Em relação à sorologia, existe apenas um anticorpo, o antiHCV. Esse anticorpo surge quando o indivíduo tem contato com o vírus da Hepatite C (HCV) e não confere imunidade, ou seja, uma vez curado da hepatite C, após tratamento ou espontaneamente, o paciente pode ser novamente contaminado, mesmo com antiHCV positivo.

É um erro comum (que não vamos cometer!) acreditar que antiHCV positivo é igual ao diagnóstico de hepatite C. Porém, ele marca “apenas” o contato com o vírus. O diagnóstico da hepatite C deve ser feito com a dosagem da carga viral (HCV-RNA). Se positiva, aí sim seremos capazes de dar um diagnóstico de Hepatite C.

Esse erro acontece porque a maior parte dos pacientes que tiveram contato com o HCV vão cronificar (cerca de 80%), e apenas uma minoria vai clarear (curar) o vírus espontaneamente.

Portanto, NÃO podemos afirmar que antiHCV positivo é igual à Hepatite C. Essa confirmação se dará apenas após realização da carga viral.

Atualmente, todo indivíduo com diagnóstico de Hepatite C crônica tem indicação de tratamento, independente de carga viral, genótipo ou grau de fibrose. Portanto, hoje, a realização de biópsia hepática é opcional e deve ser individualizada. Pode-se lançar mão de métodos não invasivos de avaliação da fibrose hepática, como a elastografia hepática ou cálculo do APRI ou FIB4, a partir do valor das transaminases, plaquetas e idade do paciente.