GABARITO: ALTERNATIVA D

A leishmaniose visceral, também chamada popularmente de calazar, esplenomegalia tropical ou “febre dum dum”, é uma doença infecciosa crônica endêmica de algumas áreas no Brasil, causada principalmente pelo Leishmania chagasi – um parasita flagelado.

A sua forma crônica é também a forma mais sintomática e vai predominar em pessoas relativamente imunodeficientes (crianças menores que 10 anos, pacientes com HIV/aids, transplantados e oncológicos). Dos sintomas, a febre é característica clínica marcante, com padrão intermitente ou remitente. Associadas à febre, teremos, frequentemente, queixas de aumento de volume abdominal, tosse crônica, hiporexia e diarreia crônica. No exame físico desses pacientes, veremos importante palidez de pele e mucosas, com expressiva desnutrição (pele seca, cabelos quebradiços e finos e pobreza de fâneros), ausculta pulmonar normal (já que não há doença parenquimatosa) e aumento do volume abdominal, geralmente indolor. Esse aumento de volume abdominal ocorrerá pela esplenomegalia de grande monta, que eventualmente cruzará a linha umbilical. Pelo aumento do volume esplênico, há uma hipertensão portal por refluxo, podendo gerar hepatomegalia leve a moderada, também indolor. O acometimento da medula óssea, na forma crônica, poderá ter dois mecanismos: o primeiro, e mais comum, é pela invasão medular direta da Leishmania, impedindo a mielopoiese adequada. O segundo mecanismo é por meio da síndrome hemofagocítica secundária, em que linfócitos desregulados pela Leishmania ativarão macrófagos e histiócitos, que serão estimulados a fagocitar as células do próprio sistema hematopoiético, causando a pancitopenia.

Pacientes com diagnóstico confirmado por meio de exames parasitológicos ou imunológicos podem ser tratados com o antimonial pentavalente (antimoniato de N-metil glucamina) ou com a anfotericina B lipossomal. O glucantime nada mais é do que o nome comercial do antimonial, ok?

O tratamento de escolha para a leishmaniose visceral é o antimonial pentavalente. Essa medicação é feita via endovenosa ou intramuscular diariamente durante 20 a 40 dias, que são calculados a depender da resposta clínica do paciente. Essa droga é bastante tóxica, e devemos monitorizar alguns efeitos colaterais do seu uso durante o tratamento, como toxicidades hepática e renal, risco de pancreatite e prolongamento do intervalo QT.

Dito isso, vamos às alternativas à procura de uma contraindicação absoluta a essa medicação.