GABARITO: ALTERNATIVA B

A ascite, definida como o acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal, é uma condição clínica comum, especialmente em pacientes com cirrose hepática. Esta condição é frequentemente consequência da hipertensão portal, mas também pode ser causada por outras doenças, como carcinomatose peritoneal ou tuberculose. O diagnóstico diferencial da ascite é, portanto, um passo crucial no manejo clínico desses pacientes.

Um dos parâmetros mais importantes na avaliação da ascite é o Gradiente de Albumina Soro-Ascite (GASA). Este gradiente é calculado pela diferença entre a concentração de albumina no soro e no líquido ascítico. Um GASA maior ou igual a 1,1 g/dL sugere fortemente a presença de hipertensão portal, tipicamente associada à cirrose. Por outro lado, um GASA menor que 1,1 g/dL indica outras causas de ascite, como infecções ou malignidades.

Em pacientes com cirrose, o líquido ascítico geralmente apresenta uma baixa concentração de proteínas, tipicamente menor que 2,5 g/dL. Este achado é consistente com a natureza transudativa da ascite na cirrose, que ocorre devido ao aumento da pressão hidrostática e à diminuição da pressão oncótica no sistema portal. Por outro lado, uma concentração de proteínas no líquido ascítico maior que 2,5 g/dL pode indicar uma ascite exsudativa, que é mais comum em condições como carcinomatose peritoneal, tuberculose peritoneal, e outras causas de hipertensão portal não cirróticas. Portanto, diante de um líquido ascítico com GASA maior ou igual a 1,1, associado a concentração de proteínas inferior a 2,5 g/dL, é bastante provável que a etiologia seja a cirrose hepática.

Com esse diagnóstico, já podemos partir para o manejo da ascite, que é o assunto principal das assertivas dessa questão. Vamos analisá-las:

A assertiva I é FALSA. A restrição de sódio (ingestão menor que 2 g/dia) é uma medida fundamental no manejo da ascite, especialmente na ascite relacionada à cirrose, para reduzir a retenção de sódio e água. No entanto, a restrição de água é indicada apenas em casos de hiponatremia significativa (Na abaixo de 130), não sendo uma medida universal para todos os pacientes com ascite.

A assertiva II é VERDADEIRA. A espironolactona, um antagonista da aldosterona, é o diurético de escolha no manejo da ascite, particularmente na ascite relacionada à cirrose. Ela é mais eficaz do que os diuréticos de alça, como a furosemida, na redução da retenção de sódio e água nesses pacientes.

A assertiva III é FALSA. A recomendação de reposição de albumina após paracentese extensa é específica para pacientes com ascite relacionada à cirrose. Esta recomendação não se aplica automaticamente a pacientes com ascite devido à carcinomatose peritoneal, em que a etiologia e o manejo são diferentes.

Portanto, a única assertiva verdadeira é a II.