Para respondermos a essa questão, vale a pena revisar os critérios diagnósticos de diabetes mellitus e pré-diabetes.

Vale a pena frisar, que esses critérios servem para qualquer tipo de diabetes (seja tipo 1, 2 ou outros). A glicemia para a confirmação diagnóstica deve ser analisada em sangue de coleta venosa. Assim, não devemos fazer diagnóstico de diabetes baseado em glicemias capilares (também chamadas de ponta-de-dedo, dextro ou hemoglicoteste).

Além disso, alguns autores também utilizam as seguintes nomenclaturas:

- Glicemia de jejum alterada: quando se possui glicemia de jejum entre 100-126 mg/dL.

- Intolerância à glicose: quando se possui a medida da segunda hora do teste de tolerância oral à glicose entre 140-200 mg/dL.

Para os critérios diagnósticos de diabetes, são necessários 2 exames alterados, o que não estava presente no caso. Além disso, a testagem no enunciado da questão foi feita com glicemia capilar (o dextro), o qual não deve ser utilizado para substituir a glicemia venosa, utilizada para a avaliação de glicemia em jejum.

Cuidado com a pegadinha da questão!!! Atente-se porém que a paciente do enunciado não fez nenhum dos exames acima! Isso mesmo. Ela tem apenas uma glicemia capilar, a qual, como falamos anteriormente, não deve ser utilizada como critério diagnóstico. Dessa forma, a melhor conduta no momento é estimular a mudança de estilo de vida (que se aplica à população com sobrepeso, como a paciente, e também às pessoas com diabetes) e confirmar o diagnóstico com exames apropriados.

Caso confirmado o diagnóstico de DM2, o tratamento envolve mudança de estilo de vida - com perda ponderal, atividade física e dieta hipocalórica - associada a farmacoterapia. Para a maior parte dos pacientes, a primeira droga para o tratamento do DM2 é a metformina. Entretanto, pacientes com descontrole importante do diabetes podem se beneficiar da utilização precoce de insulina, cuja prescrição pode ser suspensa após melhora. Para entendermos o porquê dessa recomendação, devemos conhecer o conceito de glicotoxicidade: A hiperglicemia intensa e sustentada leva a uma redução parcialmente reversível da capacidade das células beta-pancreáticas de secretar insulina, dificultando o controle da doença. Assim, com a administração de insulina exógena e melhora do controle glicêmico, há também um aumento da secreção de insulina endógena por reversão da glicotoxicidade e maior facilidade de controle do diabetes. As situações em que a prescrição de insulina deve ser favorecida no início do tratamento são:

Caso confirmado o diagnóstico da paciente, devido à presença de sintomas de hiperglicemia, estará indicado o início de insulinoterapia, gabarito da nossa questão.