Gabarito: C

Alternativa:

O tratamento da hipertermia secundária ao excesso de exposição solar (hipertermia clássica ou “heat stroke” não-exercional) é uma emergência médica e deve ser iniciado imediatamente para reduzir a morbidade e mortalidade associadas. O objetivo central é a redução rápida da temperatura corporal central para valores abaixo de 39°C (idealmente entre 38-39°C), no menor tempo possível, preferencialmente em até 30 minutos após o início do atendimento, pois atrasos estão associados a pior prognóstico.

As principais medidas terapêuticas incluem:

1. Remoção do paciente do ambiente quente: O paciente deve ser transferido para um local fresco e sombreado, com remoção de roupas excessivas para maximizar a exposição da pele.

2. Resfriamento ativo rápido:

- Imersão em água fria ou gelo: É o método mais eficaz para redução rápida da temperatura, com taxas de resfriamento de 0,20–0,35°C/min. Deve ser priorizado sempre que possível, inclusive em ambiente pré-hospitalar. Caso não seja viável (por exemplo, em idosos frágeis ou pacientes não cooperativos), métodos alternativos devem ser utilizados.

- Métodos evaporativos e condutivos: Incluem borrifar água morna ou fria sobre a pele e promover ventilação forçada (fanning), aplicação de compressas frias ou gelo nas regiões axilar, cervical e inguinal, e uso de lençóis úmidos. Esses métodos são especialmente indicados em pacientes idosos ou quando a imersão não é possível.

- Infusão de fluidos frios intravenosos: Pode ser utilizada como adjuvante, especialmente em ambiente hospitalar, para auxiliar na redução da temperatura.

3. Monitorização contínua da temperatura central: deve ser feita preferencialmente por via retal ou intravesical, com o objetivo de evitar hipotermia iatrogênica.

4. Reposição volêmica: a administração de solução salina isotônica intravenosa é recomendada para corrigir desidratação e manter estabilidade hemodinâmica, mas a desidratação não é o principal mecanismo fisiopatológico do heat stroke clássico.

5. Suporte avançado de vida: manutenção das vias aéreas, suporte ventilatório e hemodinâmico conforme necessário. Pacientes com disfunção neurológica, falência de múltiplos órgãos ou complicações devem ser admitidos em unidade de terapia intensiva.

6. Evitar antitérmicos: fármacos como paracetamol e AINEs são ineficazes e potencialmente prejudiciais, pois não atuam nos mecanismos fisiopatológicos da hipertermia e podem agravar coagulopatia e lesão hepática.

7. Controle de agitação e prevenção de calafrios: benzodiazepínicos podem ser utilizados para controlar agitação, desconforto e calafrios, que aumentam a produção de calor.

8. Tratamento de complicações: monitorização e manejo de insuficiência renal aguda, rabdomiólise, coagulopatia, disfunção hepática e outras complicações sistêmicas são essenciais.