GABARITO: ALTERNATIVA A

Discussão da questão

O que o examinador quer saber com esta pergunta?

Conhecimentos sobre a anatomia do pé talo vertical.

O que você precisa saber para responder a esta pergunta?

Pé talo vertical

Definição: pé em mata-borrão; plano valgo rígido.

Epidemiologia: 1:150.000 pessoas, 2 homens para cada mulher, 50% bilateral.

Fisiopatologia: 50% associados a doenças neuromusculares ou alterações cromossômicas. Há contratura do tendão de Aquiles, enquanto o fibular longo e o tibial posterior se encontram luxados, o que muda seu ângulo de ação, tornando-os dorsiflexores. Além disso, há verticalização do tálus, com um navicular luxado dorsolateralmente de forma irredutível e eversão do calcâneo com comprometimento do ligamento mola.

Comorbidades: mielomeningocele, artrogripose, diastematomielia, displasia do desenvolvimento do quadril, paralisia cerebral, atrofia muscular espinhal.

Apresentação clínica: deformidade em mata-borrão: equinovalgo fixo do retropé, dorsiflexão rígida do mediopé, abdução e dorsiflexão do antepé, com cabeça talar evidente e palpável no arco plantar medial.

Diagnóstico: clínico e radiográfico. À radiografia é possível ver o talus verticalizado e o navicular luxado. Na ausência de calcificação do navicular, pode-se usar o primeiro metatarso como referência. A incidência de flexão plantar máxima em perfil auxilia no diagnóstico diferencial de pé talo oblíquo (que é redutível nesta posição), enquanto a dorsiflexão forçada demonstra o equino irredutível.

É importante realizar avaliação neurológica, inclusive com imagem, para excluir comorbidades.

Tratamento:

Não cirúrgico: correção por manipulação gessada seguindo técnica de Dobbs (Ponseti reverso). Ao final, geralmente é necessário alongar o tendão do tibial anterior, o tendão de Aquiles, e reduzir e fixar (via aberta ou fechada) a talonavicular.

Tratamento cirúrgico: na falha dos outros tratamentos. Faz-se uma liberação pantalar, com alongamento dos tendões envolvidos (fibulares, aquiles, extensores dos dedos), redução da articulação talonavicular, reconstrução do ligamento mola e transferência do tibial anterior para o colo do tálus.

Astragalectomia e artrodese tripla são condutas de salvação.

Se tratados após os 3 anos de vida, os resultados são menos previsíveis.

Discussão das alternativas: