GABARITO: C.

Estrategista,

Estamos diante de uma questão em que devemos escolher entre um teste mais sensível e um teste mais específico.

De forma geral, os testes mais sensíveis, justamente por apresentarem alta sensibilidade, são capazes de detectar o maior número possível de doentes. Nesse sentido, o número de verdadeiro-positivos é alto o que faz com que, proporcionalmente, o número de falso-negativos seja baixo - afinal, considerando que o número de doentes na população não muda, quantos mais indivíduos doentes eu consigo captar, menor o número de indivíduos que não serão devidamente reconhecidos pelo teste - portanto, menor o número de falso-negativos diminui. Por sua vez, se os falso-negativos diminuem, o valor preditivo negativo aumenta! Por isso, os testes sensíveis são bons para excluir doenças, já que um resultado negativo tem alta probabilidade de ser verdadeiro. Assim, se aplicamos um teste muito sensível e obtemos um resultado negativo, a probabilidade de aquele resultado ser verdadeiro é elevada e podemos liberar o paciente com relativa margem de segurança. São situações em que preferimos testes sensíveis: urgências e emergências, onde temos muitas hipóteses diagnósticas e desejamos excluir o maior número possível de doenças para diminuirmos o número de hipóteses; bancos de sangue, onde desejamos excluir das bolsas de sangue as doenças que podem ser transmitidas por via parenteral (HIV, hepatite B...); rastreamentos, onde desejamos liberar, logo no inicio, os indivíduos que não estão doentes; entre outros.

No entanto, a desvantagem do teste sensível advém justamente da sua vantagem.

-- Como assim, Bárbara? Não entendi!

Vamos lá: o objetivo do teste sensível é captar o maior número possível de indivíduos doentes. Só que nessa ânsia de procurar por indivíduos doentes, ele acaba errando... e erra consideravelmente! Portanto, apesar de termos muitos verdadeiro-positivos, temos também muitos falso-positivos! Por isso, quando um teste muito sensível for positivo, não podemos confiar cegamente nesse resultado. É prudente submeter o indivíduo a um segundo teste, dessa vez mais específico. Isso porque testes muito específicos costumam captar o maior número possível de indivíduos saudáveis. Portanto, temos um elevado número de verdadeiro-negativos e proporcionalmente um baixo número de falso-positivos, o que acarreta um elevado valor preditivo positivo. Logo, se o resultado do segundo teste for positivo, então o indivíduo realmente tem a doença. Nesse sentido, testes específicos são muito utilizados para confirmar doenças! Esses testes são especialmente importante quando estamos diante de uma doença cujo tratamento é iatrogênico e submeter um falso-positivo ao tratamento será muito custoso, tanto financeiramente quanto para o próprio paciente do ponto de vista emocional e biológico.

Veja que o examinador fala sobre o câncer, uma doença que, apesar de ser considerada grave, já apresenta tratamento que pode aumentar a sobrevida do paciente. No entanto, veja o que o enunciado diz: os procedimentos são invasivos, delicados e muitas vezes caros para confirmar ou definir o tratamento. Portanto, existe o risco de iatrogenia para o paciente. Nesse sentido, devemos optar pelo teste de maior especificidade, uma vez que ele apresentará baixo número de falso-positivos. Logo: