Caro estrategista,

No tratamento do choque, temos diversas drogas vasoativas à disposição. Vamos fazer um breve resumo sobre elas:

A dobutamina é um inotrópico utilizado no choque cardiogênico que atua nos receptores beta (o efeito beta1 aumenta o inotropismo e o beta2 promove vasodilatação). Com isso, na ampla maioria das vezes, precisaremos também de vasopressor para uso concomitante à dobutamina.

A noradrenalina é o vasopressor de eleição na maioria dos casos de choque, exceto no choque anafilático, onde a adrenalina será a droga de escolha. A noradrenalina atua em receptores alfa-1 (promove vasoconstrição) e beta-1 (inotropismo), gerando efeitos colaterais quando utilizada em doses mais elevadas, especialmente taquiarritmias. Um estudo comparou o uso da dopamina à noradrenalina em doentes com choque, sendo que a dopamina apresentou piores resultados, com aumento de arritmias e eventos cardiovasculares. Por isso, a noradrenalina é o vasopressor de escolha!

A dopamina atua em diferentes receptores conforme a dosagem. Em baixas doses (< 5mcg/kg/min), estimula receptores dopaminérgicos. Na dose intermediária (5-10mcg/kg/min), estimula predominantemente receptores beta. Por fim, na dose elevada (>10mcg/kg/min), predomina efeito alfa. A principal utilidade deste vasopressor está no manejo das bradiarritmias instáveis, tema que está detalhado no livro de Bradiarritmias.

A adrenalina atua nos receptores alfa e beta-adrenérgicos com alta propriedade inotrópica e vasoconstritora, especialmente em doses mais elevadas. Em contrapartida, pode causar arritmias, hipoperfusão esplâncnica e hiperlactatemia. Por isso, não é um vasopressor utilizado de rotina, sendo reservado para o choque anafilático.

A vasopressina atua nos receptores V1, diferentemente dos outros vasopressores. Postula-se que os pacientes com choque distributivo apresentam deficiência de vasopressina e, com isso, poderia ser boa opção nesses doentes. Na prática, utilizamos como segunda droga no choque séptico em doentes com doses crescentes de noradrenalina visando “poupar” o uso de doses mais elevadas deste vasopressor e, assim, evitar seus efeitos colaterais. Um detalhe importante: não administre vasopressina em doentes com baixo débito cardíaco!

A fenilefrina, droga utilizada quase exclusivamente por anestesistas, é um agonista alfadrenérgico sem atividade beta-adrenérgica e produz vasoconstrição arterial, promovendo aumento da pressão sistólica e diastólica. Geralmente é utilizada nas hipotensões transitórias que ocorrem no centro cirúrgico, induzidas pelos anestésicos. Não é droga de escolha no tratamento do choque persistente.

Veja a tabela abaixo o efeito vasopressor e inotrópico das drogas vasoativas: