GABARITO: ALTERNATIVA C.

Referência bibliográfica:

1. Classificação e tipos de ensaios clínicos. https://eme.cochrane.org/classificacao-e-tipos-de-ensaios-clinicos/

Estrategista,

Vamos relembrar alguns pontos importantes antes de respondermos a questão.

Ao contrário dos estudos observacionais como a coorte e o caso-controle, um ensaio clínico é um estudo epidemiológico do tipo experimental. Isso significa que exposição não ocorre naturalmente entre os participantes, devendo ser fornecida ativamente pelo pesquisador. Por isso, os participantes são divididos de forma randomizada em dois grupos principais, para que assim seja decidido aleatoriamente quem vai receber a exposição (expostos) e quem não vai (não expostos).

O grupo que recebe a exposição (expostos) será chamado de grupo experimental ou grupo intervenção. Já o que NÃO recebe a exposição de interesse, representando assim aqueles que não foram expostos, é chamado de grupo controle. No entanto, pode ser que o pesquisador decida administrar para este grupo uma substância inerte, apenas para controlar aquilo que conhecemos como efeito placebo. Se for este o caso, o grupo controle se chamará grupo placebo. Além disso, é possível também que o ensaio clínico compare dois tratamentos diferentes ao invés de um tratamento com o grupo placebo. Isso porque, pelo princípio da beneficência, se a amostra estudada for uma população clínica cuja doença já tenha tratamento eficaz, não será ético deixar estas pessoas sem o tratamento clínico, uma vez que isso poderia trazer prejuízos substanciais para estas pessoas. É por isso que estudos com novas drogas para diabetes mellitus, hipertensão, neoplasias, entre outros, costumam comparar tratamentos entre si (por exemplo, tratamento tradicional versus inovador) ao invés de comparar o tratamento inovador com um placebo.

Agora vem o voo da coruja: a depender da forma como a intervenção for aplicada, o ensaio clínico pode apresentar os seguintes delineamentos:

- Ensaio clínico em paralelo: os grupos comparados recebem suas intervenções de forma concomitante e permanecem em acompanhamento longitudinal sem que haja troca nas intervenções. Assim, seguem "em paralelo", um ao lado do outro, ao longo do tempo.

Por exemplo, suponha que o objetivo do estudo seja avaliar um novo fármaco "w" no diabetes mellitus, pois há a promessa de que ele reduz a progressão para doença renal crônica. Por isso, os participantes são divididos em dois grupos: grupo "a", que receberá o tratamento tradicional de diabetes, e o grupo "b", que receberá justamente o tratamento inovador (fármaco "w"). No ensaio em paralelo, o grupo "a" permanecerá com o tratamento tradicional até o final do estudo, bem como o grupo "b" também permanecerá com "w" até o fim.

- Ensaio clínico do tipo crossover: os grupos comparados recebem suas intervenções e seguem inicialmente em paralelo. Porém, em um determinado momento, o pesquisador troca a intervenção entre os grupos.

Por exemplo, se o estudo hipotético mencionado anteriormente fosse estruturado em crossover ao invés de paralelo, em um dado momento os grupos "a" e "b" trocariam de intervenção: o tratamento tradicional seria interrompido no grupo "a" e ele passaria a receber o fármaco "w", enquanto o fármaco "w" seria interrompido no grupo "b" e ele passaria a receber o tratamento tradicional.

O crossover apresenta vantagens porque cada paciente passa a ser o seu próprio controle (uma vez que ele recebia um tratamento e passou a receber o outro), diminuindo assim a influência de variabilidades individuais e aumentando a sensibilidade para captar efeitos positivos.

No entanto, é recomendado que haja um período de whashout (ou limpeza) nos grupos antes deles assumirem os novos tratamentos. Isso porque, a depender da meia-vida do fármaco, pode ser que o grupo entre no novo tratamento ainda com um efeito residual do tratamento anterior, o que vai prejudicar os resultados do estudo.

- Antes e depois: neste tipo de delineamento, todos os participantes receberão uma única intervenção. A diferença é que eles mesmos servirão como seus próprios controles. Por isso, eles iniciam sem qualquer intervenção e, após um período, passam a recebê-la. O objetivo é avaliar se, a partir do momento em que passam a receber a intervenção, haverá mudança positiva, negativa ou neutra no parâmetro de interesse em relação ao estado inicial deles.

Voltando para a questão, o examinador deseja saber especificamente sobre o planejamento de crossover. Por isso, vamos avaliar as alternativas: