A acalasia é um dos distúrbios motores primários do esôfago mais importantes e frequentemente abordados em provas de residência médica, especialmente no contexto do diagnóstico diferencial de disfagia. Classificada como um distúrbio de motilidade esofágica, a acalasia é caracterizada por dois achados principais: aperistalse do corpo esofágico e falha no relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI) durante a deglutição. Esses achados resultam da degeneração dos neurônios inibitórios do plexo mioentérico (plexo de Auerbach), levando a um desequilíbrio entre os estímulos excitatórios (mediados por acetilcolina) e inibitórios (mediados por óxido nítrico e peptídeo vasoativo intestinal). O resultado é hipertonia do EEI e obstrução funcional distal.

Clinicamente, a acalasia apresenta-se com disfagia progressiva para sólidos e líquidos, regurgitação de alimentos não digeridos, perda ponderal e, em alguns casos, dor torácica retroesternal. A disfagia é lenta e gradual, evoluindo ao longo de meses ou anos, o que ajuda a diferenciá-la de causas malignas, como o carcinoma esofágico, que geralmente apresenta uma evolução mais rápida (em semanas ou poucos meses). Além disso, na acalasia, a regurgitação é frequente e ocorre devido à retenção alimentar no esôfago dilatado, enquanto na neoplasia esofágica há sinais de alarme mais marcantes, como hematêmese ou linfonodomegalias palpáveis.

A manometria esofágica é o exame padrão-ouro para confirmar o diagnóstico, pois avalia diretamente a função motora do esôfago. Outros exames complementares incluem o esofagograma baritado, que pode mostrar a clássica imagem do “bico de pássaro” (estreitamento distal com dilatação proximal), e a endoscopia digestiva alta, que é essencial para excluir causas mecânicas ou malignas (como pseudoacalasia causada por tumores). A diferenciação entre acalasia e outros distúrbios motores, como espasmo esofágico difuso ou esôfago hipercontrátil (“quebra-nozes”), também depende da manometria.

O manejo da acalasia varia conforme a gravidade dos sintomas e o subtipo manométrico (Classificação de Chicago). As opções incluem dilatação pneumática, miotomia cirúrgica (Heller) ou endoscópica (POEM) e injeção de toxina botulínica em casos selecionados.

Após essa breve revisão sobre o tema, vamos partir para a análise das alternativas: