O que o examinador quer saber: sobre o desenvolvimento inicial do embrião.

A fecundação marca o início do desenvolvimento embrionário, com a formação do zigoto. O local habitual da fecundação é na ampola da tuba uterina.

Na primeira semana, ocorre rápida divisão mitótica do zigoto, que passa a ser chamado de mórula quando chega a 12 a 36 células ( blastômeros), por volta de 3 dias após a fecundação. No quarto dia após a fecundação, a mórula começa a se transformar em blastocisto, quando há a formação da cavidade blastocística e de duas camadas: embrioblasto e trofoblasto. O embrioblasto dará origem ao embrião e o trofoblasto, à placenta.

O blastocisto chega à cavidade uterina entre o 5º e o 6º dia após a fecundação e entre o 6º e 7º dias, insere-se no endométrio, iniciando-se a implantação do embrião na cavidade uterina.

O blastocisto passa a ter três camadas após o início da implantação: embrioblasto, sinciciotrofoblasto e citotrofoblasto, as duas últimas derivadas do trofoblasto. Ao final da primeira semana, temos o blastocisto superficialmente implantado no endométrio.

Na segunda semana após a fecundação, ocorre a completa implantação do blastocisto e formam-se as vilosidades coriônicas primárias, que vão originar futuramente a placenta. As mudanças que ocorrem no endométrio durante a implantação são chamadas de reação decidual.

O embrioblasto transforma-se em uma placa bilaminar, o disco embrionário, formado pelo epiblasto e hipoblasto. Formam-se também a cavidade amniótica entre o citotrofoblasto, o embrioblasto e a vesícula umbilical primitiva que dá origem ao mesoderma extraembrionário. Após a formação do celoma extraembrionário, a vesícula umbilical primitiva diminui e forma-se a vesícula umbilical secundária. O celoma extraembionário dará origem ao saco coriônico.

O mesoderma extraembrionário divide-se em mesoderma extraembrionário somático e esplâncnico. O mesoderma extraembrionário somático, juntamente com as duas camadas do trofoblasto, formam o córion.

No final da segunda semana, ocorre a formação da placa pré-cordal, que se desenvolve como um espessamento do hipoblasto, indicando futura região cranial do embrião e o futuro local da boca.

A terceira semana de desenvolvimento embrionário é um período de mudanças significativas e marca o início da organogênese. Os principais eventos que ocorrem nessa semana são: gastrulação, formação da linha primitiva, formação da notocorda e início da formação do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular.

Na terceira semana embrionária, o disco embrionário bilaminar transforma-se em um disco embrionário trilaminar e inicia-se a fase de gastrulação. Na gastrulação, ocorre a formação das três camadas germinativas que irão originar posteriormente todos os tecidos embrionários. Nessa fase, o embrião é chamado de gástrula.

As três camadas germinativas que formam o embrião são: ectoderma, mesoderma e endoderma. Cada uma dessas camadas dará origem a órgãos e tecidos específicos.

No início da 3ª semana, forma-se a placa notocordal entre o ectoderma e o endoderma embrionários. Essa placa se invagina para formar a notocorda, o eixo primitivo do embrião ao redor do qual se forma o esqueleto axial. Além disso, uma estrutura linear chamada linha primitiva aparece na superfície do epiblasto, estabelecendo a orientação craniocaudal do embrião.

Na terceira semana, ocorre também a neurulação, que se constitui na formação da placa e pregas neurais e no fechamento das pregas para formar o tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso central. A neurulação está completa ao final da 4ª semana, quando ocorre o fechamento do neuróporo caudal. Por isso, é na terceira semana que ocorrem os defeitos do fechamento do tubo neural, como anencefalia, encefalocele e espinha bífida.

O mesoderma de cada lado da notocorda condensa-se para formar colunas longitudinais de mesoderma paraxial, que, até o fim da 3ª semana, dão origem aos somitos. Eles desenvolvem-se craniocaudalmente e dão origem à maior parte do esqueleto axial e à musculatura associada, assim como à derme da pele adjacente.

Nessa semana, inicia-se o desenvolvimento do sistema cardiovascular com o surgimento dos vasos sanguíneos primeiro na parede da vesícula umbilical, da alantoide e do cório. Eles desenvolvem-se no interior do embrião logo em seguida. Ao fim da 3ª semana, os tubos cardíacos fundiram-se, formando um coração tubular, que está conectado aos vasos sanguíneos no embrião, na vesícula umbilical, no cório e no pedículo de conexão, formando um sistema circulatório primordial. Ao fim da 3ª semana, o sangue está circulando e o coração começa a se contrair no 21º ou 22º dia. O sistema cardiovascular é o primeiro sistema de órgãos a alcançar um estado funcional. Os batimentos cardíacos embrionários podem ser detectados ao se realizar uma ultrassonografia com Doppler durante a 4ª semana, aproximadamente 6 semanas após a última menstruação normal.

Entre a 4ª e a 8ª semana, as principais estruturas embrionárias internas e externas são formadas. Ao final do período embrionário, os principais sistemas de órgãos já iniciaram seu desenvolvimento e o embrião apresenta aspecto nitidamente humano.

Como o início da formação das estruturas internas e externas mais essenciais ocorre durante a 4ª e a 5ª semana, esse é o período mais crítico do desenvolvimento. O desenvolvimento de distúrbios durante esse período pode levar a grandes anomalias congênitas.