GABARITO: ANULADA

Caro aluno, essa questão trata de um tema comum nas provas de residência médica: a Nefropatia Induzida por Contraste (NIC). Aqui a questão busca apenas as medidas preventivas farmacológicas, mas vamos buscar revisar esse conceito tão importante.

O uso de contraste iodado é de extrema importância no ambiente intra-hospitalar devido a sua utilização no cateterismo cardíaco e tomografias com contraste. Fisiologicamente, o contraste iodado é diluído na corrente sanguínea e possui eliminação exclusivamente renal: é filtrado pelos glomérulos e eliminado no fluido tubular. No entanto, o contraste é nefrotóxico: além da ação celular direta nociva por estresse oxidativo, ele leva a vasoconstricção e hipóxia do tecido renal.

A NIC é caracterizada por elevação da creatinina 48 a 72 horas após exposição a contraste endovenoso, sem outra etiologia que justifique o quadro e sem outros sintomas associados. A cinética da disfunção renal em geral segue a seguinte cronologia: aumento da creatinina em 48-72 horas após exposição ao meio de contraste, alcança o pico em torno do 5º dia e inicia a recuperação ao longo da primeira semana. O quadro clínico baseia-se puramente na temporalidade da disfunção renal associada a história de administração do meio de contraste, principalmente em cateterismo cardíaco (utiliza maior volume de contraste), com elevação de escórias nitrogenadas e acidose metabólica decorrente da disfunção renal, sem outros sintomas específicos.

Infelizmente não há nenhum tratamento específico para a NIC e a melhor medida é evitar a LRA através de estratégias preventivas que reduzam a toxicidade do contraste. Em primeiro lugar, devemos optar pelo uso de contrastes não-iônicos de menor osmolaridade (iso ou hipoosmolares) na menor dose possível e evitar repetir exames contrastados. Em segundo lugar, devemos evitar novos agravantes para a lesão renal aguda: suspender outras medicações nefrotóxicas, corrigir anemia e estados de desidratação. Em terceiro lugar podemos utilizar medidas farmacológicas, sendo que a única com evidência robusta na literatura é a hidratação com uso de solução cristalóide 1mL/kg/h por 12 horas antes e 12 horas após o procedimento. Antes era permitido o uso de solução bicarbonatada como medida preventiva, mas atualmente temos menor evidência de benefício do seu uso. Para combater o estresse oxidativo, alguns estudos avaliaram o uso de N-acetilcisteína e de estatinas associados a hidratação, porém essas medidas também não possuem comprovação de benefício na literatura.