GABARITO: ALTERNATIVA C

Excelente questão na qual podemos relembrar algumas doenças clássicas de exposição ambiental, e questões que um Estrategista acerta com grande facilidade.

As pneumoconioses são um grupo de doenças caracterizadas por pneumopatias etiologicamente relacionadas à inalação de poeiras em ambientes de trabalho, excluindo doenças de via aérea superior ou neoplasias, e que estão relacionadas a diversos ramos de atividades, como mineração e transformação de minerais em geral, metalurgia, cerâmica, vidros, construção civil (fabricação de materiais construtivos e operações de construção), agricultura e indústria da madeira (poeiras orgânicas), entre outros. Na questão são abordadas algumas delas.

Antracose: Pneumoconiose fibrogênica difusa causada inalação de carbono ou de pó de carvão que se acumulam no parênquima pulmonar e alvéolos, sendo uma doença prevalente devido à grande disponibilidade e aplicação da extração e queima do carvão mineral como matriz energética. A doença pode progredir de antracose assintomática para uma fibrose pulmonar maciça.

Fisiopatologia: As partículas de carvão chegam ao pulmão, são absorvidas pelas células inflamatórias, normalmente macrófagos, que fagocitam as partículas, que, após exposição crônica, formam-se máculas pigmentadas peribronquiolares e perivasculares, podendo evoluir para fibrose maciça.

Quadro Clínico: Tosse secretiva e dispnéia são os mais prevalentes, podendo evoluir com sibilância, diminuição do murmúrio vesicular.

Diagnóstico: baseado em histórica clínica ocupacional e utilização de métodos conhecidos, como a radiografia de tórax com interpretação OIT.

Tratamento e Prevenção: Não há tratamento específico, deve ser realizado afastamento do trabalhador da atividade e cessar tabagismo.

Asbestose: Uma das doenças profissionais mais clássicas e reconhecidas em todo mundo. Classificada como Schilling I (Trabalho como causa necessária), decorre da exposição ocupacional a poeiras de asbesto ou amianto.

Fisiopatologia: Deposição de fibras respiráveis no interstício pulmonar, com reação inicial de macrófagos que, ao fagocitar as fibras, formam granulomas e iniciam um processo inflamatório causando alveolite focal.

Quadro Clínico: Dispnéia ao esforço, crepitações basais e, em fases finais, baqueteamento digital.

Diagnóstico: baseado em história ocupacional de exposição excessiva e exames radiológicos.

Radiografia de Tórax: Deve ser realizada com interpretação pela Classificação Internacional de Radiografias de Pneumoconiose (OIT), encontrando opacidades em campos inferiores ou, com a evolução, difusamente, além de espessamento pleural.

Tomografia Computadorizada: Com maior sensibilidade e especificidade, sendo o maior achado a presença de placas pleurais.

Prova de Função Pulmonar: Evidencia a presença de distúrbio obstrutivo ou misto (se tabagismo)

Biópsia e/ou lavado brônquico: Procedimento realizado para confirmação diagnóstica de infiltrado.

Tratamento e Prevenção: Não há tratamento específico, deve ser realizado afastamento do trabalhador da atividade e cessar tabagismo. Lembrando que há regulamentação para que a atividade não seja mais exercida.

Beriliose: Uma das doenças profissionais relacionadas a exposição aguda ou crônica ao berílio. Classificada como Schilling I (Trabalho como causa necessária).

Fisiopatologia: Doença granulomatosa inflamatória por exposição aguda (<1 ano), manifestação tardia mesmo após afastamento do trabalhador (após 10 anos) ou mista de acordo com a susceptibilidade do indivíduo.

Quadro Clínico: Dispnéia ao esforço, artralgia, tosse crônica, crepitações basais e baqueteamento digital.

Diagnóstico: baseado em história ocupacional de exposição excessiva e exames radiológicos.

Radiografia de Tórax: evidência radiológica de doença fibronodular intersticial; alterações pulmonares ou em linfonodos;

Prova de Função Pulmonar: Redução da capacidade vital;

Biópsia e/ou lavado brônquico: granulomas não-caseosos semelhantes aos da sarcoidose. A presença de berílio no tecido pulmonar biopsiado;

Tratamento e Prevenção: Não há tratamento específico, deve ser realizado afastamento do trabalhador da atividade e cessar tabagismo.

Bissinose: A bissinose é uma doença profissional das vias aéreas causada pela exposição a poeiras orgânicas de algodão, linho, cânhamo ou sisal. Não é considerada pneumoconiose pois pode acometer toda via área, principalmente via aérea superior, e não somente os pulmões. Também conhecida como síndrome das manhãs de segunda-feira.

Fisiopatologia: Com os filamentos dos fios das plantas, há uma reação inflamatória das vias aéreas como causa da obstrução.

Quadro Clínico: As manifestações clínicas ocorrem 2 a 3 horas após o início da jornada. O trabalhador apresenta dispnéia, tosse e sensação de aperto torácico. Alguns trabalhadores apresentam os sintomas no início do emprego, mas habitualmente a primeira crise aparece alguns anos depois. Há um aumento na prevalência de bronquite, com tosse e escarro persistentes. Habitualmente associado ao tabagismo.

Diagnóstico: baseado em história ocupacional de exposição excessiva e exames radiológicos.

Radiografia de Tórax: Pode ser útil para diferencias de outras patologias.

Prova de Função Pulmonar: Redução de VEF1. Ficar atento ao diagnóstico diferencial de Asma;

Tratamento e Prevenção: Não há tratamento específico, deve ser realizado afastamento do trabalhador da atividade e cessar tabagismo.

Silicose: Uma das doenças profissionais relacionadas a exposição aguda ou crônica à Sílica. Classificada como Schilling I (Trabalho como causa necessária). Atividades como jateamento de areia, trabalho em pedreiras, preparação de mistura a seco na produção de cerâmica branca ou porcelana, extração de minérios, fundições de metais usando-se moldes de areia e, ainda, a atividade de construção/reforma.

Fisiopatologia: Proliferação de colágeno no interstício, sem a presença relevante de células inflamatórias de defesa, mas que tardiamente ocasionam causando pneumonite.

Quadro Clínico: A silicose se apresenta assintomática no início. Com a progressão das lesões, aparecem dispnéia aos esforços e astenia. Nas fases avançadas, leva à insuficiência respiratória, dispnéia aos mínimos esforços e em repouso, além de cor pulmonale.

A tuberculose pulmonar deve ser suspeitada quando ocorre rápida progressão das lesões, conglomerados e grandes opacidades, hemoptise, sintomas constitucionais, como astenia, emagrecimento e febre. Observa-se maior prevalência de tuberculose em grupos expostos à sílica (silicóticos e não-silicóticos), quando comparados à população não-exposta.

Diagnóstico: baseado em história ocupacional de exposição excessiva e exames radiológicos.

Radiografia de Tórax: Radiografia de Tórax: Deve ser realizada com interpretação pela Classificação Internacional de Radiografias de Pneumoconiose (OIT), encontrando opacidades superioses inicalmente, com progressão para lobo inferior.

Prova de Função Pulmonar: padrões obstrutivos, restritos ou mistos;

Tratamento e Prevenção: Não há tratamento específico, deve ser realizado afastamento do trabalhador da atividade e cessar tabagismo. Pode ser considerado transplante pulmonar em casos avançados.

Vamos às alternativas: