GABARITO: ALTERNATIVA D

Estrategista, essa é uma questão bem difícil e bastante decoreba para uma prova de residência médica – cobra uma particularidade do tratamento da doença renal policística em relação a uma medicação que nem está disponível no Brasil!

Vamos aproveitar e revisar um pouco sobre as particularidades da doença renal policística autossômica dominante (DRPAD)!

A DRPAD é a doença renal monogênica mais comum, decorrente de mutações genéticas nos genes PKD1 ou PKD2. O padrão de herança é a transmissão autossômica dominante, ou seja, afeta ambos os sexos e há indivíduos doentes em todas as gerações da família. Assim, o componente familiar é muito importante nesses casos – a suspeita é realizada pela forte história familiar de DRC com necessidade de diálise ou transplante renal. Dessa forma, em geral acomete indivíduos desde a idade jovem mas evolui com queda da taxa de filtração glomerular por volta da 4ª a 6ª décadas de vida.

A principal manifestação é o aumento do tamanho renal às custas de grande quantidade de cistos, bilateralmente. É sempre necessária a realização de exame de imagem que mostre essas alterações – o exame de triagem é um ultrassom de rins e vias urinárias e o acompanhamento é idealmente realizado com ressonância magnética (RNM). Como a presença de cistos simples podem ocorrer em qualquer fase da vida, sendo inclusive mais comum com o envelhecimento, para o diagnótico de DRPAD devemos obrigatoriamente apresentar aumento do tamanho renal associado a uma quantidade mínima de cistos pela idade, segundo ultrassom:

- 15-39 anos: ≥3 cistos uni ou bilateralmente

- 40-59 anos: ≥ 2 cistos bilateralmente

- ≥ 60 anos: ≥ 4 cistos bilateralmente

Se o exame utilizado for a RNM, o critério para indivíduos entre 16-40 anos é > 10 cistos em ambos os rins.

O tratamento da DRPAD visa evitar a progressão da disfunção renal e retardar o início de diálise. O tratamento consiste em controle pressórico rigoroso, principalmente com uso de inibidores da ECA ou BRA, restrição salina e ingesta hídrica vigorosa.

Existem trabalhos mostrando o benefício do tolvaptan – uma medicação que age como antagonista do receptor V2 da vasopressina e atua reduzindo a formação de cistos e progressão da doença renal. A medicação pode ser indicada para pacientes portadores de DRPAD com TFGe entre 25-65 mL/min/1.73m2, idade menor do que 56 anos e com alto risco de progressão, ou seja, classifação da Mayo Clinic estágios 1C, 1D ou 1E.

Portanto, alternativa correta está na letra D.