Fala, Coruja!

A USP-RP gosta de explorar temas que tangenciam o desenvolvimento puberal e baixa estatura. A questão aqui foi boa, mas a banca cometeu um deslize que resultou na anulação. Uma pena, mas vamos aproveitar para entender como essa banca gosta de explorar esse tema.

Como investigar um paciente com baixa estatura?

A baixa estatura é uma queixa razoavelmente frequente nos consultórios de pediatria. Seu papel como médico é diferenciar variantes benignas (chamados desvios da normalidade) das causas patológicas de baixa estatura (isto é, alguma doença que está impedindo o paciente de atingir seu potencial).

Para fazer essa distinção, o examinador deve trazer uma informação crucial: a velocidade de crescimento, que nas crianças pré-púberes costuma estar em torno de 5 a 7 cm/ano (algumas referências falam de 4 a 7 cm/ano).
Aí o raciocínio é simples: se o seu corpo está enfrentando alguma doença que resulta no aumento da demanda metabólica (ou caso não haja substrato para tal), a primeira função "não vital" da qual ele irá abrir mão é do crescimento e desenvolvimento puberal. A "energia" do corpo é destinada para processos mais importantes para a sobrevivência. Por isso, doentes crônicos pediátricos são pequenos e costumam ter um atraso puberal.

Se a velocidade de crescimento está normal, vamos pensar nas variantes benignas.
Se ela estiver lentificada, vamos pensar em causas patológicas de baixa estatura: A maioria das questões explora as variantes benignas. São suas condições principais:

Baixa estatura familiar (BEF): a família é "baixinha"! O potencial genético de crescimento da criança é limitado por isso;
Atraso constitucional do crescimento e puberdade (ACCP): chamado "maturador tardio", a criança simplesmente demora mais que os outros para entrar na puberdade e crescer. O que mais chama a atenção aqui é a idade óssea atrasada! Mas, no final das contas, o estirão e a puberdade chegam e o prognóstico é normal.

Voltando para a questão...

O enunciado apresenta um adolescente de 13 anos e 7 meses com queixa de baixa estatura (apesar de não podermos afirmar sem ter a estatura atual).
O primeiro passo, como vimos, é checar a velocidade de crescimento para diferenciar causas benignas de patológicas de baixa estatura e...pois é, não temos rs Por isso, a questão foi anulada.

Sabemos que há baixa estatura + idade óssea atrasada, com um alvo genético normal. Isso pode ser um ACCP se a velocidade de crescimento for normal, como vimos acima.
Só que sem a velocidade de crescimento, não temos como descartar a deficiência de GH (que tem velocidade de crescimento baixa):
Vacilo da banca, né? A questão era boa.

Vamos analisar as alternativas: