GABARITO: ALTERNATIVA D.

TEMA: PNEUMOCONIOSES

As pneumoconioses são tema recorrente nas provas de Medicina do Trabalho! É fundamental sabermos os detalhes das principais, sobretudo: agente causador, sintomas, alterações encontradas nos exames e alteração patológica pulmonar resultante.

Mas antes de tudo... o que seriam as pneumoconioses? Elas são alterações relacionadas à inalação de poeiras em ambientes de trabalho (do grego, conion = poeira). Aqui, não se enquadram as alterações neoplásicas e reações de vias aéreas (asma, bronquite e enfisema). Há um debate em torno de alterações como as alveolites alérgicas na doença pulmonar pelo berílio ou na pneumopatia pelo cobalto, já que, nelas, há processos de hipersensibilidade, mas de forma geral, para as provas, podemos considerar PNEUMOCONIOSES todas as doenças pulmonares parenquimatosas causas por inalação de poeiras, independentemente do mecanismo fisiopatogênico envolvido.

Podemos dividi-las em:

1. fibrogênicas — levam à fibrose reacional (silicose e asbestose);

2. não fibrogênicas — não levam à fibrose reacional (podem acontecer somente em condições de alta dose e processo crônico).

As pneumoconioses estão relacionadas com vários ramos de atividade laboral tais como: mineração, metalurgia, cerâmica, vidros, construção civil, agricultura e indústria de madeira.

A histopatologia característica dos 2 tipos é:

1. Não fibrogênica: lesão macular com deposição intersticial peribronquiolar de partículas (fagocitadas ou não) com nenhum ou discreto grau de desarranjo estrutural e leve infiltrado inflamatório ao redor. A fibrose é inexistente ou muito discreta. Exemplos são siderose (depósito por ferro - Fe), baritose (por bário - Ba) e estanose (estanho - Sn). A disfunção respiratória é praticamente ausente e a evolução tende a ser benigna. Vale destacar que, apesar da ausência de fibrose, a alteração radiológica é semelhante à silicose, com opacidades micronodulares ou reticulonodulares difusas que se dão por presença do metal/mineral depositado no interstício.

2. Fibrogênica: ocorre fibrose intersticial do parênquima pulmonar.

- Silicose e asbestose: a silicose resulta em fibrose mais focal com granulomas de deposição concêntrica de colágeno, e a asbestose possui maior proliferação de colágeno em interstício, com células inflamatórias de defesa. Ambas levam a uma alveolite com lesão de pneumócitos tipo I, proliferação de pneumócitos tipo II e fibroblastos. A exposição à sílica também tem relação com aumento de doenças autoimunes, como esclerodermia e doença glomerular renal.

- Pneumonite por hipersensibilidade: acúmulo de exsudato mononuclear e líquidos em espaços aéreos e interstício que acontece poucas horas após contato. Pode levar à febre, tosse, dispneia e a resolução é espontânea, mas, se a exposição for mantida, pode levar à pneumonia exsudativa crônica com granuloma não necrotizante, bronquiolite e fibrose intersticial difusa. Tende a responder bem com corticoides.

- Pneumoconiose por metal duro: alveolite ou fibrose, com células gigantes bizarras e pneumonia intersticial descamativa.

- Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC): macrófagos alveolares, fibras de reticulina e colágeno. Lesões são chamadas de “mácula de carvão” e possuem de 1-6 mm, sendo intralobulares e pouco evidentes na radiografia. É comum a ocorrência de enfisema focal adjacente às lesões. A exposição crônica pode levar à progressão e formação de nódulos de até 20 mm, com fibrose maciça progressiva (FMP). As lesões tendem a ser bilaterais, predominantes em lobos superiores, médio e inferiores, assimétricas e podem cavitar (expectoração de material enegrecido, a melanoptise, pode acontecer). Cursa mais comumente com dispneia, distúrbio ventilatório misto, hipertensão pulmonar e cor pulmonale.

Em mineiros de carvão, também pode ocorrer a pneumoconiose reumatoide ou síndrome de Caplan com fator reumatoide reagente.

- Beriliose: a doença crônica por berílio é uma doença granulomatosa que pode ser desencadeada por baixas doses ou curta exposição (menos de 1 ano), podendo ter longo período de latência. É indistinguível da sarcoidose e PODE SER TRATADA COM CORTICOSTEROIDE.

- Poeira mista: poeiras mistas são aerossóis minerais com baixa concentração de sílica (como a mica, sericita, caulim etc.) que podem produzir quadros de fibrose nodular, tendo como característica a lesão em “cabeça de medusa” por nódulos estrelados no exame histopatológico. Na radiografia, pode apresentar um aspecto reticulonodular e não ser homogênea pelo parênquima.

Referências:

MS. Pneumoconioses, 2006. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_0443_M.pdf

Não se preocupem que vamos repetir as características das pneumoconioses ao longo das questões, mas lembre-se de que, apesar dessa questão ter solicitado apenas epidemiologia, outras pedem detalhes! Então, nas alternativas dessa questão, teremos: