A cirurgia para controle de danos é uma abordagem cirúrgica em fases, utilizada em pacientes com trauma grave, que apresentam instabilidade fisiológica e cujas condições não permitem uma reparação definitiva imediata de todas as lesões. Originada no contexto do trauma, essa estratégia visa a prevenir a tríade letal de coagulopatia, acidose e hipotermia, que pode ser exacerbada por procedimentos cirúrgicos prolongados. A cirurgia para controle de danos é dividida em três fases principais:

Fase 1: Cirurgia de Controle de Danos

Objetivo: Realizar intervenções cirúrgicas essenciais para controlar hemorragias e contaminantes, sem tentar reparar todas as lesões imediatamente. Nessa fase deve-se realizar:

Controle de Hemorragias: realizado por meio de ressecções de órgãos não vitais (por exemplo, o baço), empacotamento abdominal (colocação de compressas), reparo ou ligadura de vasos abdominais.

Contenção da Contaminação: reparo rápido ou ressecção intestinal (de preferência, com grampeadores). Não realizar anastomoses.

Fechamento abdominal temporário (peritoniostomia): fechamento abdominal temporário da cavidade operatória para permitir a estabilização fisiológica do paciente em unidade de terapia intensiva (UTI).

Fase 2: Reanimação Intensiva

Objetivo: Estabilizar o paciente na UTI, corrigindo coagulopatias, acidose, hipotermia e outros distúrbios fisiológicos. Nessa fase deve-se realizar:

Correção de Distúrbios Metabólicos: Normalização do pH sanguíneo e dos níveis de eletrólitos.

Aquecimento do Paciente: Utilização de medidas para elevar a temperatura corporal do paciente a níveis normais.

Reanimação Volêmica: Reposição de fluidos e componentes sanguíneos conforme necessário para estabilizar a hemodinâmica.

Suporte Hemodinâmico e Respiratório: Otimização do suporte ventilatório e uso de medicamentos vasoativos, se necessário.

Fase 3: Cirurgia Definitiva

Objetivo: Após a estabilização do paciente, retornar ao centro cirúrgico para a reparação definitiva das lesões. Em regra, isso é feito dentro de 24 a 48 horas em relação ao primeiro procedimento operatório. Nessa fase deve-se realizar:

Reparo ou Reconstrução de Estruturas Lesadas: Realização das reparacões ou reconstruções necessárias, como anastomoses intestinais

Reavaliação das Lesões: Avaliação de lesões que possam ter sido temporariamente contidas ou não identificadas inicialmente.

Fechamento Definitivo de Incisões: Encerramento das incisões temporárias e drenagem de quaisquer coleções restantes.

Entre as fases 2 e 3 podem ser necessárias cirurgias adicionais para revisão, que devem ser feitas a cada 24/48 horas, com o objetivo de reavaliar e atuar sobre eventuais focos de hemorragia ou contaminação que possam estar prejudicando a recuperação do paciente.

Munidos desses conceitos, vamos avaliar, separadamente, cada uma das alternativas.