O que o examinador quer saber com essa pergunta?

Conhecimentos sobre traços de fratura.

O que você precisa saber para responder a essa pergunta?

Traços de Fratura

Observe a figura abaixo:

O primeiro traço que temos na figura é o transverso. Esse é um traço geralmente perpendicular à cortical óssea, mas que pode se inclinar até 60° em relação à cortical, sendo ainda considerado transverso.

O segundo traço é o oblíquo. É um traço inclinado demais para ser transverso, ou seja: forma um ângulo inferior a 60° em relação à cortical óssea.

O terceiro traço é o espiral. A espiral é um traço oblíquo ascendente ou descendente, com um componente tridimensional; ele é oblíquo nos três planos, criando, literalmente, uma espiral (nota: há algumas discussões filosóficas sobre a definição de um traço espiral, mas, de uma forma didática, essa descrição funciona muito bem e é suficiente para as provas e para a prática clínica em geral).

O último traço da primeira linha da figura é o traço cominuto. Para ser cominuta, uma fratura tem de ter mais de dois fragmentos. Isso significa que, por exemplo, a fratura segmentar é uma fratura cominuta. Chamamos os fragmentos soltos (ou seja, que não são nem o proximal nem o distal principais) de asas ou cunhas. Entre as cominutas, existem as fraturas com cunhas em flexão (geralmente triangulares), cunhas espirais e multifragmentadas (múltiplas cunhas). Elas não estão ilustradas aqui e sua formação tem relação direta com o mecanismo e a energia do trauma, de que falaremos mais à frente.

O traço que temos na sequência é o segmentar. O traço segmentar não deixa de ser um cominuto – no entanto, seu terceiro fragmento é um segmento ósseo íntegro, que inclui toda a circunferência óssea. Imagine como se fosse uma tora cortada do meio do tronco de uma árvore.

A fratura em avulsão que temos demonstrada aqui é uma avulsão sem desvio do côndilo lateral do fêmur. Fraturas em avulsão ocorrem somente em locais de inserção ligamentar, tendínea ou muscular. São fraturas de movimentos súbitos, em que a tensão da parte mole é mais forte do que o osso – e, com isso, o osso é arrancado, mas a estrutura permanece inserida na superfície óssea. Esse tipo de fratura é mais comum em crianças, pois, nelas, os tendões geralmente são mais fortes do que os ossos por um grande período da vida, ou em traumas súbitos de joelhos e tornozelos.

A fratura impactada é, literalmente, como diz o nome, uma fratura completa, em que um fragmento impacta no outro. O que temos exemplificado aqui é um padrão comum de fratura transtrocantérica do fêmur, em que o fragmento mais proximal “afunda” dentro do fragmento distal. Esse tipo de fratura, embora mais comum nessa região, pode ocorrer em qualquer lugar.

Até aqui, falamos de fraturas completas, ou seja, fraturas em que ambas as corticais ósseas são rompidas pela fratura, ou em que um fragmento perde todo a continuidade que tinha com o outro (como na fratura avulsão ou na impacção, por exemplo). Por outro lado, as outras duas fraturas representadas a seguir são fraturas incompletas, ou seja: fraturas em que o traço não cruza as duas corticais, ou em que o fragmento permanece com continuidade, ainda que parcial, com o resto do osso.

A primeira delas é a fratura em tórus: esse tipo de fratura tem esse nome em referência à forma geométrica tórus, que, de forma simplificada, é basicamente uma rosquinha. E é exatamente isso o que acontece: um trauma axial provoca um esmagamento ósseo, que forma uma elevação, como se houvesse um pequeno pneu no meio de um osso longo. Esse tipo de fratura ocorre exclusivamente em esqueletos imaturos, sendo uma fratura muito comum em crianças. É tão estável, que pode ser tratada com órtese removível apenas para conforto.

O último traço a discutirmos é o traço de fratura em galho verde: é um traço igualmente incompleto e tem esse nome pela forma como um galho verde é quebrado. Não sei se você já teve essa experiência alguma vez na vida (e, se não teve, por favor, pare imediatamente e vá procurar um galho verde para quebrar, porque essa é uma experiência obrigatória da infância), mas há uma diferença substancial ao se quebrar um galho seco e um verde. O galho seco, ao ser quebrado, segue os traços de fraturas que já discutimos: geralmente transverso ou oblíquo. Por outro lado, o galho verde ainda é maleável e, às vezes, para quebrá-lo, você precisa torcê-lo. Quando finalmente se quebra, a parte mais próxima a você (que seria a cortical cis do osso) se quebra fazendo várias “farpas”. Por outro lado, a parte mais distante (a cortical trans) apenas se curva.

A fratura em galho verde ocorre exatamente dessa forma. Entretanto, como estamos falando de ossos imaturos, essa fratura é na verdade um continuum: dependendo do grau de energia, o osso apenas se deforma, criando o que chamamos de deformidade plástica. Depois, uma de suas corticais rompe – a fratura em galho verde. E, se a energia for forte e rápida o suficiente, o osso sofre uma fratura completa. Tudo depende de como a força se distribuiu no osso; veja a figura a seguir: