O que o examinador quer saber: sobre o transporte placentário.

É importante perceber que o desenvolvimento fetal depende da eficiência da circulação uteroplacentária e da circulação fetoplacentária.

Embora a placenta possua duas circulações independentes (a materna e a fetal), a barreira placentária não é capaz de isolar totalmente um ambiente do outro. Dessa forma, células fetais podem ser encontradas no sangue materno e leucócitos e plaquetas maternos podem ser encontrados no sangue fetal. A solução da continuidade das vilosidades que compõem a barreira placentária permite que essas células passem de um ambiente ao outro.

Perceba, ainda, que o feto depende de trocas entre esses dois ambientes distintos para seu desenvolvimento. Desse modo, a barreira placentária possui diferentes mecanismos de transporte para garantir que as trocas de gases e de nutrientes ocorram de maneira apropriada.

Difusão simples – o movimento ocorre no sentido do ambiente com maior concentração de soluto para o de menor concentração com o objetivo de equilibrar ambos os ambientes. Nesse tipo de transporte, não há gasto energético, visto que ocorre a favor do gradiente de concentração. Oxigênio e dióxido de carbono são os principais gases transportados desse modo pela barreira placentária.

Difusão facilitada – o movimento ocorre por meio de proteínas transportadoras da barreira placentária. Dessa forma, permite que a molécula transportada atravesse a membrana de forma mais fácil e rápida do que o observado na difusão simples. Uma vez que o movimento ocorre a favor do gradiente de concentração, também não há gasto energético envolvido nesse tipo de transporte.

A glicose é um importante exemplo de molécula transportada por esse mecanismo. Seu transporte é realizado pelos canais transportadores de glicose (GLUT) presentes na barreira placentária, sendo que a GLUT tipo 1 é a mais frequente nos humanos.

Íons e moléculas polares, como bicarbonato, cloro, potássio, magnésio, fosfatos e sódio, também dependem de canais para serem transportados pela membrana placentária. Vale ressaltar que alguns autores, como Rezende, especificam ainda mais o transporte de sódio pela membrana, chamando-o de ultrafiltração, uma vez que está relacionado à pressão hidrostática que o leva a mover-se junto ao líquido.

Transporte ativo – o movimento ocorre contra o gradiente de concentração e, portanto, depende de consumo energético. O transporte de creatinina, ferro, cálcio, fosfatos, aminoácidos, lactato e outras substâncias ocorre por esse mecanismo, permitindo que ocorra ativamente controle do metabolismo na barreira placentária.

Pinocitose – o movimento ocorre pela incorporação de macromoléculas por microvilosidades das células do sinciciotrofoblasto, promovendo a invaginação de tais inclusões. A albumina e as imunoglobulinas IgG são transportadas assim na barreira placentária.

Pensando em facilitar sua memorização sobre os tipos de transporte pela barreira placentária e as moléculas relacionadas a eles, apresentamos a tabela abaixo. Atenção para as moléculas destacadas! São as que aparecem com mais frequência nas provas.