ResuMED de Hipertensão Arterial Sistêmica, conceitos, diagnóstico, classificação e muito mais

ResuMED de Hipertensão Arterial Sistêmica, conceitos, diagnóstico, classificação e muito mais

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O que é hipertensão arterial sistêmica 

A HAS (hipertensão arterial sistêmica) é uma condição multifatorial, extremamente prevalente, caracterizada por aumento sustentado dos níveis pressóricos em níveis maiores ou iguais a 140/90 mmHg.

A maioria dos casos compartilha em sua gênese fatores ambientais e genéticos sem possuírem uma etiologia definida, sendo denominada classicamente como hipertensão essencial. No restante dos casos, 3-5%, a HAS está associada a uma condição específica, cujo tratamento é capaz de levar à cura da doença, sendo chamada de hipertensão arterial secundária.

Complicações e fatores de risco da HAS

Níveis pressóricos elevados de forma sustentada estão intimamente relacionados a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC) doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), doença renal crônica (DRC) e até morte súbita.

Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da pressão são: 

  • Idade;
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Aumento da circunferência abdominal (Homens > 94 cm e  mulheres > 80 cm);
  • Ingestão excessiva de sal;
  • Baixa ingestão de potássio;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo;
  • Dislipidemia;
  • Síndrome metabólica;
  • Alcoolismo;
  • Baixo nível socioeconômico; 
  • Genética; e
  • Ausência religiosidade e/ou espiritualidades.

Fisiopatologia 

A pressão arterial (PA) é diretamente proporcional ao débito cardíaco (DC) e a resistência vascular periférica (RVP). O DC é a quantidade de sangue ejetada pelo coração por minuto, sendo o débito  dependente do volume sistólico e da frequência cardíaca. Logo, um aumento do débito, ou da resistência vascular periférica, leva a um aumento da pressão arterial.  

Existem diversos mecanismos para a elevação da PA, entretanto, três são os mais importantes: 

  • Aumento da retenção renal de sódio e água: devido à resistência intrínseca à natriurese, o que gera consequentemente aumento da volemia e  do débito cardíaco; 
  • Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) superestimulado: o aparelho justaglomerular do rim produz a renina, que converte o angiotensinogênio em angiotensina 1. A enzima conversora de angiotensina (ECA) converte o angiotensina 1 em angiotensina 2, este responsável pela vasoconstrição sistêmica, além de atuar no córtex das glândulas supra renais produzindo a aldosterona. A aldosterona no rim, leva a retenção de sódio e secreção de potássio e hidrogênio, acarretando na retenção do sódio e aumento da volemia. Além disso, a angiotensina 2 no hipotálamo estimula a produção do hormônio antidiurético (ADH), aumentando a sensação de sede e retenção de água pelos rins; e 
  • Hiperatividade simpática: sua etiologia não é totalmente esclarecida, porém, culmina em um aumento do débito cardíaco, da resistência vascular periférica e da pressão arterial.

O aumento da pressão arterial nos vasos sanguíneos de forma crônica, leva a um remodelamento arteriolar. Dessa forma, o próprio endotélio libera uma série de substâncias e mediadores responsáveis por vasoconstrição, aumentando a resistência vascular periférica. Portanto, desde que não tratada, a própria hipertensão gera mais hipertensão, perpetuando assim um ciclo. 

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Diagnóstico 

Será considerado hipertenso o paciente que mantiver pressões ≥140X90 mmHg, em pelo menos duas consultas espaçadas em dia ou semanas. O diagnóstico também pode ser baseado na aferição da pressão arterial (PA), no consultório e fora dele, sempre com o auxílio de equipamentos validados e calibrados anualmente, além do uso da técnica adequada para a aferição. 

Atenção: pacientes classificados como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) estágio 3 (pressão arterial ≥ 180/110 mmHg)  ou HAS estágio 1 (pressão ≥ 140/90 mmHg) com alto risco cardiovascular podem receber o diagnóstico de hipertensos já na  primeira consulta. 

Atenção: a hipotensão ortostática ou hipotensão postural, deve sempre ser suspeitada em paciente idosos, diabéticos, portadores de disautonomia, e pacientes em uso de diversas medicações com história de quedas e  síncopes frequentes.  Para fechar o diagnóstico é necessário a aferição da pressão com o paciente deitado, em posição supina e, após 3 minutos em pé. A queda  na pressão sistólica ≥ 20 mmHg ou pressão diastólica ≥ 10 mmHg acompanhados ou não de lipotimia, turvação visual, síncope  ou tonteira fecham o diagnóstico.

Portanto, ao avaliarmos uma paciente com provável hipertensão arterial devemos sempre confirmar o diagnóstico, classificar seu nível de hipertensão, estimar seu risco cardiovascular por meio de calculadoras e escores, investigar lesões de órgão alvo, verificar necessidade de ajustes/ adesão  de medicamentos  e pesquisar causas secundárias.

Classificação da pressão arterial 

Em 2020, ocorreram novas atualizações na classificação dos níveis pressóricos, segundo a III Diretriz Brasileira de Hipertensão. Segue, abaixo, sua nova classificação: 

Hipertensão Arterial Sistêmica

Atenção: Caso os valores de pressão sistólica ou diastólicas estiverem em estágios diferentes devemos sempre considerar a pior classificação.  

Os pré-hipertensos com PA sistólica entre 130-139 e/ou  diastólica entre 85-89 devem considerar a utilização da monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) ou a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), pois possibilitam maior número de  medidas, refletindo de forma mais fidedigna os valores pressóricos, reduzindo o risco do efeito avental branco e hipertensão mascarada. 

Em todos os pré-hipertensos devemos recomendar mudanças de estilo de vida, elas consistem em perda de peso, atividade físicas, mudança de hábito alimentar – rico em frutas e vegetais e pobre em gorduras, redução do consumo de sódio, atividade física regular, como exercício aeróbio moderado por pelo menos 150 minutos/semana, cessação do tabagismo e moderação do uso do álcool. Caso o paciente possua alto risco cardiovascular, está indicado o início da terapia medicamentosa para controle da pressão aliada às mudanças do estilo de vida.

Ademais, a redução do peso é a modificação do estilo de vida de maior impacto na redução da pressão arterial. 

Exames de rotina e avaliação clínica

Os exames de rotina visam identificar e confirmar, de forma precoce, o diagnóstico de HAS, estratificar o risco cardiovascular, identificar outras comorbidades e fatores de riscos, além de pesquisar a presença de LOAs (lesões de órgãos-alvo), permitindo um melhor planejamento terapêutico. 

Deve-se investigar na anamnese a quanto tempo o paciente possui a doença, sua evolução, o tratamento prévio, sua adesão medicamentosa, história familiar de HAS/doença cardiovascular além da presença de comorbidades, tabagismo, alcoolismo e sedentarismo. 

A aferição da pressão no consultório deve ser realizada com o auxílio de um manguito adequado para a respectiva circunferência braquial. O tamanho adequado do manguito é definido a partir da circunferência braquial obtida no ponto médio entre o acrômio e o olécrano, sendo a largura da bolsa inflável e o comprimento de 40% e 80-100%, respectivamente.  

O cálculo do IMC e da circunferência abdominal auxiliam no diagnóstico de síndrome metabólica e obesidade, fatores de aumento dos riscos cardiovasculares  frequentemente associados à HAS.

Portanto, todo paciente hipertenso deve realizar os seguintes exames de forma anual, visando identificar fatores de riscos e LOA associados a hipertensão. 

  • Glicemia de jejum e hemoglobina glicada (HbA1c);
  • Creatinina plasmática; 
  • Potássio sérico; 
  • Ácido úrico plasmático; 
  • Taxa de filtração glomerular estimada; 
  • EAS;
  • Perfil lipídico (colesterol total, HDL-c, LDL-c, triglicerídeos plasmáticos); e
  • Eletrocardiograma. 

Uma pegadinha comum em provas é que a ureia, TOTG (teste oral de tolerância à glicose), sódio e ecocardiograma não são avaliados de forma rotineira. Outros exames podem ser necessários para complementar a avaliação do paciente como: radiografia de tórax, ecocardiograma, albuminúria, ultrassom doppler, ultrassom de rins e vias urinárias, eco doppler, teste ergométrico e ressonância de encéfalo. 

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