ResuMED de cefaleias infantis: primária, abordagem, tratamento e muito mais!

ResuMED de cefaleias infantis: primária, abordagem, tratamento e muito mais!

Como vai, futuro Residente? Procurando entender mais sobre as cefaleias infantis para as provas de Residência Médica? Aqui você encontra tudo sobre, desde sua classificação até diagnóstico e tratamento. Não deixe de conferir! Para saber mais, continue a leitura, bons estudos!

Introdução

Por definição, cefaleia é a dor de cabeça localizada acima da linha orbitomeatal. No caso das crianças, quando há queixa de cefaleia, a principal causa são as doenças virais. Até os 12 anos a proporção de meninos e meninas é quase a mesma, mas após essa idade há certa predominância do sexo feminino. 

Em crianças e adolescentes é preocupante, pois podem interferir no desempenho escolar e na vida social, devendo ser tratada efetivamente. 

As cefaleias infantis também podem ser classificadas entre primárias e secundárias. Aqui no blog do Estratégia MED, você encontra um resumo exclusivo sobre cefaleias no adulto, com tudo o que precisa, não deixe de conferir!

Aqui vamos abordar especialmente as cefaleias primárias, pois são as mais cobradas em provas, mas é importante citar algumas causas de cefaleia secundária na infância, que podem ser as causas secundárias a outras doenças de base. São elas:

  • Com risco de morte: meningite bacteriana, encefalite viral, abscesso cerebral ou orbital, tumor, hemorragia subaracnóidea não traumática, hipertensão arterial; e
  • Condições comuns: febre, meningite viral, faringite. 

Cefaleias primárias

As cefaleias infantis primárias principais são as migrâneas, conhecida como enxaqueca, e a tensional, ou de tensão, assim como no adulto.

Enxaqueca

O tipo de dor de cabeça mais comum em crianças e adolescentes, com história familiar positiva em cerca de 90% dos casos, sua prevalência aumenta com a idade, tornando-se mais comum em adolescentes. 

Ela é caracterizada por episódios recorrentes de intensidade moderada a severa, com duração de 2 a 72 horas, se não tratada. Em crianças pequenas, o período é mais curto que no adulto, geralmente de 4 a 72 horas.

Caracterizada por uma dor pulsátil, associada a náuseas e/ou vômitos, que piora ao exercício físico e possui sensibilidade à luz e estímulos sonoros. Além disso, é importante diferenciar a localização da dor: em crianças, é bitemporal ou bifrontal, enquanto em adolescentes, 70% dos casos são unilaterais e 30% bifrontais ou global. 

Pode estar relacionada a outras manifestações neurológicas, como as visuais (fotofobia, por exemplo), sensoriais, de linguagem, sono irregular, desidratação, período menstrual, entre outros. 

Existem 4 fases em pacientes com enxaqueca. Observe:

Fase premonitória: presença de sintomas premonitórios (fadiga, irritabilidade, bocejos, palidez e olheiras.

Aura: na criança, a mais comum é a visual, sendo escotomas, cintilação e aspecto de fortificação.

Fase da enxaqueca: dor latejante, de intensidade moderada a forte. Pode estar relacionada a outros sintomas autonômicos como suor, rubor, lacrimejamento, congestão nasal, entre outros. 

Pósdromo: sensação de exaustão, podendo estar associada a sonolência, sede, fome, distúrbios visuais, parestesia e dor ocular. 

Por fim, não existe exame complementar para diagnosticar em si a enxaqueca, e, para isso, seguimos a International Classification of Headache Disorders, 3rd edition (ICHD-3) como critérios diagnósticos para enxaqueca.

  • O número de crises deve ser de pelo menos 5, preenchendo os outros critérios;
  • A duração deve ser de 4 a 72 horas, quando não tratada ou tratada sem sucesso (em crianças e adolescentes considere de 2 a 72 horas);
  • Devem estar presentes pelo menos 2 das seguintes características: unilateral, pulsátil, intensidade moderada a grave, piora com atividade física ou aversão a ela;
  • Pelo menos 1 sintoma associado: náuseas e/ou vômitos, foto e fonofobia; e
  • É identificado que não há outra explicação melhor para a dor, ou seja, ausência de doença de base que torne a cefaleia secundária.

Cefaleia tensional

Caracterizada por uma dor bilateral, geralmente bifrontal, não latejante, de intensidade leve a moderada, com duração de 30 minutos a 7 dias, com a possibilidade de apresentar foto e fonofobias, mas sem associação com náuseas e vômitos, ou se agravar ao exercício físico

Assim como na enxaqueca, existem critérios diagnósticos estabelecidos pelo ICHD-3 (2018) para cefaleia tensional. São eles:

  • O número de crises deve ser de pelo menos 10, preenchendo outros critérios;
  • Duração de 30 minutos a 7 dias sem tratamento eficaz;
  • Devem estar presentes pelo menos 2 das seguintes características da dor: bitemporal, dor em aperto ou tensão (Não pulsátil), intensidade de leve a moderada, sem piora aos exercícios físicos;
  • Ausência de náuseas ou vômitos e ausência de foto e fonofobia; e
  • Também sem outra explicação melhor para a causa da dor. 

Geralmente, os pacientes com enxaqueca tensional vivem em ambientes familiares conturbados, com dificuldade de relacionamento entre os pais, além dos problemas escolares e sociais, 

Abordagem 

O primeiro passo para abordagem das cefaleias infantis é descartar qualquer causa secundária grave, por meio de uma anamnese bem estruturada e completa, e um exame físico bem feito, incluindo dados antropométricos.

Nos casos de suspeitas de doenças de base, são pedidos alguns exames complementares para investigar, comos:

  • Punção lombar: suspeita de infecção intracraniana, hemorragia subaracnóidea e pseudotumor cerebral;
  • Outros: hemograma, exame toxicológico e testes de função tireoideana;
  • Os exames de imagem, como a tomografia e ressonância magnética são pedidos apenas nas seguintes circunstâncias: exame neurológico normal, idade inferior a 6 anos, sinais de alerta para processo intracraniano, cefaleia intensa em criança com doença subjacente, cefaleia matinal progressiva, história de trauma e cefaleia occipital. 
    • Os sinais de alerta são: dor que desperta a criança ao sono, dor curta ou paroxística, sinais ou sintomas neurológicos associados, piora da dor com tosse, micção, evacuação ou atividade física, ausência da aura ou aura inferior a 5 minutos, cefaleia de caráter progressivo e mudança de caráter da dor. 

Tratamento

Das cefaleias infantis, no caso da enxaqueca, deve-se orientar a criança a ficar em quarto escuro, sem ruídos, com pano frio na região frontal, podendo associar ao uso de medicamentos como analgésicos (dipirona, paracetamol e ibuprofeno), sempre observando a efetividade da resposta ao tratamento.

Pode ser realizado um tratamento profilático, indicado em situações como: ocorrência de 2 a 3 crises por mês, que interfiram nas atividades da criança e levem a alterações sensitivas e motoras. Os medicamentos utilizados são ciproheptadina, betabloqueadores, amitriptilina, flunarizina e anticonvulsivantes, por cerca de 6 a 12 meses. 

Por fim, a cefaleia tensional tem como base de tratamento mudanças comportamentais tanto do paciente quanto da família e ao seu estilo de vida, podendo fazer uso de psicoterapia e técnicas de relaxamento. Mas, caso necessário, devem ser administrados também analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais. 

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