Como vai, futuro Residente? Um dos temas abordados nas provas de Residência em Psiquiatria são os transtornos alimentares. Entre eles destacam-se anorexia, bulimia e compulsão alimentar, é importante que você saiba caracterizá-los para fazer o diagnóstico diferencial entre eles. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre, incluindo as modalidades de tratamento de cada transtorno, para te ajudar a resolver as questões. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!
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Introdução
Os transtornos alimentares envolvem principalmente processos psiquiátricos relacionados à alimentação que interferem no peso, formato do corpo e no estilo de alimentação dos pacientes, causando comportamentos perigosos. Caracterizam-se por hábitos alimentares irregulares, sendo muito comum em mulheres jovens, com prevalência de 1:10 até 1:20 entre homens e mulheres (Klein e Walsh, 2004).
Os mais comuns são anorexia, bulimia e compulsão alimentar. Na anorexia nervosa ocorre uma preocupação com o peso corporal, em que o indivíduo deixa de se alimentar para evitar ganho de peso, além da distorção de imagem, pois, embora esteja extremamente magra, a pessoa se vê obesa.
No caso da bulimia nervosa, é um transtorno alimentar caracterizado pelo rápido e repetitivo consumo de alimentos em grande quantidade, caracterizando compulsão alimentar, seguidos de tentativas de expulsar o alimento recém-ingerido através de vômitos, jejum ou exercícios físicos, por exemplo.
Por fim, o transtorno de compulsão alimentar é semelhante à bulimia, porém sem os episódios de expulsão do alimento, mas o indivíduo refere sentimento de culpa após se alimentar exageradamente, associada a perda do autocontrole.
Vamos falar detalhadamente sobre cada transtorno alimentar a seguir. Continue a leitura!
Anorexia nervosa
A anorexia nervosa (AN) consiste em um transtorno alimentar de origem psiquiátrica que possui 4 características principais:
- Restrição proposital de ingesta calórica;
- Medo intenso de ganhar peso e uma busca constante pela magreza;
- Peso corporal abaixo do considerado ideal; e
- Distorção da autoimagem corporal.
A anorexia chega a ser 20 vezes maior em mulheres, atingindo cerca de 1%¢ das adolescentes e 0,4% das mulheres em geral. Entre 50 e 75% das pacientes evoluem de forma boa com o tratamento, mas as demais seguem com o transtorno para a fase adulta, cronificando o quadro associado a intenso sofrimento psicológico, prejuízo funcional e alterações fisiológicas severas, que podem causar até mesmo óbito entre 5 e 18% dessas pacientes, sendo a tentativa de suicídio inclusa como causa.
É muito frequente a presença de outras comorbidades psiquiátricas nas pacientes com AN, considerada como “regra”, como transtornos de humor e transtornos ansiosos.
Segundo a 5° edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, não é necessária a presença de qualquer alteração endócrina, hormonal ou ginecológica para diagnosticar anorexia nervosa, mesmo sendo muito comum que estejam presentes. Por outro lado, de acordo com a CID-10, a presença das alterações é necessária para o diagnóstico e pode ser representada por manifestações como amenorreia, alterações de crescimento, problemas de tireoide, entre outras.
Após diagnosticada, podemos classificar a anorexia nervosa em 2 tipos:
- Tipo restritivo: o paciente adota uma dieta restrita em calorias e, geralmente, associada à prática de atividades físicas intensas e excessivas.
- Tipo purgativo: associa episódios de compulsão alimentar compensados por métodos de purgação, como uso de laxantes, diuréticos ou auto-indução de vômitos.
Além disso, é possível classificar de leve a extrema anorexia de acordo com o IMC:
- Leve: 17 kg/m²
- Moderada: 16 – 16,99 kg/m²
- Grave: 15 -15,99 kg/m²
- Extrema: < 15kg/m²
Tratamento
O tratamento dos transtornos alimentares como um todo são multiprofissionais, e na AN envolve psicoterapia, acompanhamento nutricional e uso de antidepressivos ISRS. Em casos graves associa-se um antipsicótico atípico, como Olanzapina, para auxiliar na recuperação do peso e melhora do humor.
Também nos casos graves, quando apresentados com distúrbios eletrolíticos, desnutrição, risco de arritmias cardíacas, peso muito baixo, entre outras condições que ameacem a vida da paciente, a internação hospitalar pode ser indicada.
Bulimia nervosa
A bulimia nervosa (BN) é um transtorno alimentar em que ocorrem episódios de compulsão alimentar com perda do autocontrole, seguidos de métodos purgativos compensatórios para evitar o ganho de peso. Após ingerir o alimento, o paciente apresenta sentimentos de culpa, tristeza ou raiva.
Diferente dos pacientes com anorexia nervosa, pacientes bulímicos possuem peso corporal normal ou discretamente aumentado.
Também mais presente no sexo feminino, a BN acomete cerca de 1% a 4% das mulheres, e se inicia no final da adolescência ou início da vida adulta, geralmente após um período de dieta alimentar restritiva. Pode seguir de forma crônica ou intermitente; boa parte das pacientes apresentam melhora parcial ou total dos sintomas com o passar dos anos, quando associado a tratamento médico e psicológico adequados.
Tratamento
Também multidisciplinar, o tratamento da bulimia nervosa envolve médicos, psicólogos e nutricionistas. No tratamento farmacológico, o remédio mais utilizado são os antidepressivos ISRS, mas também podem ser utilizados tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, além de topiramato (anticonvulsivante), para pacientes bulímicos com IMC elevado, para auxiliar no controle dos episódios de compulsão e na perda de peso.
Transtorno de compulsão alimentar
É caracterizado por episódios de compulsão, assim como a bulimia, mas sem métodos purgativos compensatórios ou atividades físicas excessivas associadas. Atinge cerca de 4% das mulheres e 2% dos homens, com início dos sintomas por volta dos 20 anos de idade, podendo evoluir de forma crônica pela vida adulta. Geralmente, esses pacientes apresentam peso normal ou discretamente elevado.
Seu tratamento é realizado com psicoterapia e tratamento medicamentoso, principalmente com o uso também de ISRS, como bupropiona, sibutramina; psicoestimulantes como lisdexanfetamina e o anticonvulsivante topiramato.
Chegamos ao fim do nosso resumo! Neste resumo você aprendeu mais sobre os principais transtornos alimentares. Confira o Portal Estratégia MED para ter acesso a mais resumos de psiquiatria!
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