Quer saber mais sobre a doença celíaca, suas complicações e causas mais comuns? O Estratégia MED separou as principais informações sobre o assunto para você. Vamos lá!
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O que é Doença celíaca
A doença celíaca é uma doença com envolvimento autoimune relacionada à ingestão do glúten, podendo também ser chamada de enteropatia sensível ao glúten. Dessa forma, toda vez que o paciente consome algum alimento que contém glúten, uma resposta inflamatória é ativada. Quando a inflamação local acontece, pode haver dano à mucosa e/ou às vilosidades intestinais, desencadeando uma síndrome de má absorção intestinal, característica que diferencia a doença celíaca da intolerância ou sensibilidade ao glúten.
No mundo, há cerca de 25 milhões de pessoas com doença celíaca, entretanto, já se sabe que esse número é subestimado e a maior parte dos doentes apresenta a forma mais branda da doença. Por muito tempo foi tida como uma doença pediátrica, contudo, os estudos populacionais mais recentes mostram que 60% dos casos ocorrem em indivíduos adultos.
Causas da Doença celíaca
A causa da desordem imunológica observada na doença celíaca é pouco esclarecida. Sabe-se que há forte componente hereditário, já que a prevalência pode chegar a 10% para indivíduos com parentes de primeiro grau acometidos. Molecularmente, todos os pacientes com diagnóstico de doença celíaca expressam HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 e a confirmação desses alelos pode ajudar no diagnóstico.
Além disso, outras doenças autoimunes são fatores de risco importante, como: diabetes mellitus tipo 1, lúpus, artrite reumatoide, doença de Addison, doença de Graves, tireoidite de Hashimoto, hepatite autoimune e esclerose múltipla. A síndrome de Down também é um fator de risco relacionado.
Diante disso, os sintomas são vistos quando o paciente ingere o glúten, uma proteína presente em alimentos como: massas, cerveja, uísque, vodka, bolos, doces, pães, cereais, pizza, aveia, centeio, cevada, trigo, entre outros.
Sinais e Sintomas
Os sintomas são diversos, os principais sinais relacionados ao sistema digestório são:
- Diarreia ou queixa de constipação intensa;
- Desnutrição;
- Perda de peso;
- Falta de apetite;
- Vômito;
- Destruição da mucosa intestinal;
- Dor abdominal;
- Inchaço abdominal;
- Sangramento, relacionados ao déficit de absorção da vitamina K; e
- Flatulência.
O mau funcionamento da atividade de absorção do intestino, pode ter consequências sistêmicas frequentemente observadas em pacientes com doença celíaca, como:
- Anemia, relacionada ao déficit de vitamina B12, ácido fólico ou ferro;
- Osteopenia;
- Artrite;
- Dermatite herpetiforme;
- Enxaqueca;
- Dano hepático;
- Nefropatias; e
- Alterações no ciclo menstrual, inclusive com possibilidade de início tardio da puberdade.
Normalmente, por conta da grande variedade de sinais e sintomas possíveis, a doença celíaca é classificada em:
- Forma clássica: tendo como principais sintomas o quadro diarreico crônico, perda de peso e queixa de distensão abdominal. Alterações de humor, vômitos, falta de apetite e anemia também são frequentes. Quando não diagnosticada pode ter evolução grave caracterizando a ‘crise celíaca’, principalmente nos primeiros anos de vida do paciente, quando os sintomas são exacerbados e a desidratação, hipopotassemia e a desnutrição grave podem levar a óbito;
- Forma atípica ou não clássica: quando os sintomas gastrointestinais são leves. As manifestações dessa forma costumam ser isoladas e decorrentes da síndrome de má absorção, como: artralgia, miopatia, osteoporose, epilepsia, perda de peso, baixa estatura, hipovitaminose, artrite, esterilidade, abortos espontâneos e outras; e
- Forma silenciosa ou assintomática: quando estão presentes os marcadores diagnósticos, tanto histopatológicos como sorológicos, típicos da doença celíaca, e o paciente não apresenta sinais. Essa forma é frequentemente vista em pacientes pertencentes ao grupo de risco para o desenvolvimento da doença.
Algumas consequências importantes frequentemente relacionadas à doença celíaca são infertilidade e câncer de intestino.
Diagnóstico
O método considerado padrão-ouro para o diagnóstico da doença celíaca é a endoscopia com biópsia do intestino delgado. Normalmente, antes desse procedimento, alguns achados contribuem para a suspeita da doença, como exame de sangue indicativo de síndrome de má absorção, indicando hipovitaminose e desnutrição, e teste sorológico positivo anti-tTG, mas tais alterações podem não ser acentuadas, ou até mesmo, não estar presentes.
Na análise histopatológica da biópsia, as principais alterações observadas são:
- Observação de dano às vilosidades, que podem, inclusive, estar completamente destruídas;
- Aumento de linfócitos intraepiteliais;
- Morfologia cuboide;
- Aumento de plasmócitos e linfócitos na lâmina própria; e
- Núcleos deslocados da porção basal da célula, sua localização padrão.
Vale ressaltar que outras doenças, como a doença de Crohn, também podem cursar com esses achados. Dessa forma, o diagnóstico de doença celíaca é confirmado quando à melhora ou normalização das alterações histológicas após o estabelecimento de uma dieta sem glúten.
Como já dito, o exame de sangue com detecção de anticorpos anti-TTG ajuda no diagnóstico e, além desse, anticorpos antiendomísio e antigliadina também podem indicar a doença.
Tratamento
A doença celíaca não tem cura e é recomendado que o tratamento seja feito com abordagem multidisciplinar, principalmente com ajuda de nutricionistas. O princípio não medicamentoso é simples e costuma apresentar controle eficiente da doença, sendo feito por eliminação completa da ingestão de glúten por parte do doente. A melhora sintomática pode ser vista poucos dias após o início da dieta restritiva, mas ela deve ser mantida pelo resto da vida.
Para alguns pacientes, o tratamento sintomático, principalmente a desnutrição, pode ser indicado e, nesse caso, é feito à base de suplementos alimentares e vitaminas. Vale ressaltar que alguns medicamentos e suplementos podem conter glúten em sua constituição.
Para a orientação do doente, é importante enfatizar a necessidade da parada do consumo de trigo, centeia, aveia e derivados, bebidas alcoólicas e todos os alimentos que contenham o rótulo ‘Contém Glúten’.
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