ResuMED de Potássio: fisiologia, distúrbios e mais!
Potássio

ResuMED de Potássio: fisiologia, distúrbios e mais!

O potássio é um dos principais eletrólitos do corpo humano, existem muitos aspectos importantes a seu respeito, por isso, aqui passaremos pelos pontos mais importantes que te deixará pronto para questões e para a vida! Então sente, pegue a caneta e se prepare junto conosco!

Fisiologia do potássio 

O potássio (K) tem carga positiva e fica majoritariamente no espaço intracelular, sua concentração varia de 140 a 150 mEq/L, ao passo que a concentração extracelular é de 3,5 até 5,5. Para a manutenção da homeostase é necessário que os níveis de potássio não saiam desta faixa. O mecanismo que mantém o potássio dentro da célula é a bomba Na-K-ATPase (sódio-potássio-atpase), presente em todas as células do corpo humano, ela descarta 3 íons de sódio e coloca para dentro 2 íons de potássio. É importante lembrar que:

  • Estímulo da bomba diminui nível sérico de potássio;
  • Inibição de bomba aumenta nível sérico de potássio; e
  • Variações abruptas de concentração são normalmente causadoras de quadros clínicos. 

Balanço do potássio

Temos o balanço interno e o externo: 

  • Externo: o potássio ingerido é excretado 90% pela urina e 10% pelo trato gastrointestinal; e
  • Interno: é feito através do chamado Shift, que é a mudança do meio interno para o externo ou vice-versa.

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Regulação renal do potássio 

A regulação ocorre por meio da parte distal do néfron, é responsável pelo ajuste fino de sua absorção ou excreção, o íon é quase totalmente filtrado nas partes mais proximais e reabsorvido mais intensamente na alça e no túbulo contorcido proximal. 

Agora, futuro residente, preciso da sua total atenção para acompanharmos o caminho deste cátion, o canal ENac é o responsável pela excreção de sódio às custas da reabsorção de um íon de hidrogênio ou de potássio. Veja atentamente que a carga do organismo é mantida, pois há uma troca de cátions. A substância que regula esse canal é a Aldosterona, importante mecanismo de ação de fármacos e também acometido em algumas patologias.

Vale o seguinte esquema para lembrar: 

  • HIPERaldosteronismo: há aumento da secreção tubular de K e cursa com HIPOcalemia; e
  • HIPOaldosteronismo: há redução da secreção tubular de K e cursa com HIPERcalemia.

O aporte de sódio no néfron distal também é crítico na regulação da excreção de potássio, pois com esta concentração elevada é aumentada a reabsorção de Na assim cursando com hipocalemia.

Distribuição do potássio

O balanço interno de potássio que já discutimos previamente é feito pelos seguintes mecanismos: 

  • Insulina: Promove a entrada de K para o intracelular;
  • Catecolaminas: Receptores α-adrenérgicos e β-adrenérgicos atuam de maneira opostas:
    • K sérico alto: α-adrenérgico e β-bloqueadora K para fora da célula;
    • K sérico baixo: α-bloqueadora e β-adrenérgico K para dentro da célula;
  • Osmolaridade sérica: a hiperosmolaridade promove saída de potássio para fora da célula; e
  • Balanço ácido básico: Diferentes transportadores estão envolvidos, tais quais; 
    • Na-K-ATPase, K-H (potássio-hidrogênio), K-HCO3 (potássio-bicarbonato);
    • Na acidose o K vai para o extracelular, já na alcalose faz o caminho inverso, tudo isso devido à bomba K-H. 

O ENac também tem seu papel na regulação da excreção de hidrogênio portanto lembre-se:

  • ACIDOSE está associada à HIPERCALEMIA; e
  • ALCALOSE está associada à HIPOCALEMIA.

Hipocalemia

As principais causas de hipocalemia são: 

  • Baixa ingesta paciente com desnutrição grave, por exemplo; 
  • Pseudo Hipocalemia sequestro de K por replicação celular na leucemia aguda; 
  • Redução da eliminação renal: 
    • Medicamentos: diuréticos de alça, aminoglicosídeos, anfotericina B; 
    • Excesso de atividade mineralocorticoide: hiperaldosteronismo 1º ou 2º;
    • Hipomagnesemia;
    • Tubulopatias; e
    • Bicarbonatúria.
  • Perda extra renal de potássio: 
    • Acidose + Hipocalemia está associada à DIARREIA; e
    • Alcalose + Hipocalemia está associada a VÔMITOS.
  • Mecanismo de distribuição como insulina, atividade adrenérgica entre outras. 

Quadro clínico:

  • Sintomas com K sérico a partir de 3 mEq/L ou em reduções muito rápidas; 
  • Cardiovascular: aparecimento de onda U no eletrocardiograma, apiculação de onda P e redução de onda T; 
  • Hormonal: prejudica a ação da insulina;
  • Renal: Nefrite intersticial crônica, Diabetes insipidus nefrogênico. 
  • Músculo esquelético: fraqueza muscular, câimbras, rabdomiólise, falência respiratória, íleo metabólico. 

A avaliação do quadro inclui uma investigação que primeiro diferencia o quadro de hipocalemia de pseudo hipocalemia, após isso são verificadas perdas pela história clínica do paciente, avaliar perda urinária e se for confirmada avaliar pressão arterial e dosagem hormonal. 

Tratamento: 

  • Reposição de potássio
    • Com cloreto de potássio, caso seja leve pode ser via oral;
    • No caso grave fazer EV, atento para a velocidade de infusão (10/20 mEq/h); e
    • Diuréticos poupadores de potássio espironolactona e amilorida, por exemplo.

Hipercalemia 

É um distúrbio que exige tratamento rápido, pois gera uma arritmia importante que pode matar rápido. É definida com potássio sérico > 5,5 MEq/L.

Causas do distúrbio: 

  • Perda de função renal: lesão renal aguda e doença renal crônica são as principais causas; 
  • Lise celular: rabdomiólise e lise tumoral são as mais comuns também cursa com as seguintes alterações laboratoriais; hiperfosfatemia, hiperuricemia, acidose metabólica, aumento de DHL, hiperuricemia e hipocalcemia; e
  • Hipoaldosteronismo: produção baixa ou insensibilidade pode ser causado por medicação conforme o esquema abaixo.

Para ter acesso a mais imagens como essa, confira o material completo do Estratégia MED! 

  • Mecanismos de redistribuição: por substâncias beta-bloqueadoras, succinilcolina, intoxicação digitálica e acidose. 
  • Aumento do aporte: não tão comum pela dieta mas mais comum pela infusão E.V. 

Quadro clínico: 

  • Alterações eletrocardiográficas: principais sintomas a serem observados, são eles onte T apiculada, onda P achatada, alargamento do QRS, padrão sinusoidal;
  • Fraqueza muscular;
  • Bradicardia; e
  • Distúrbios de condução.

Tratamento: 

Consiste em 3 pilares que são os estabilizadores de membrana, medidas de shift e eliminação do íon. 

  • O primeiro passo é estabilizar as membranas lembrando sempre: 
    • Na presença de alteração eletrocardiográfica por hipercalemia, a primeira medida indicada é sempre a administração de gluconato de cálcio!
  • As medidas de shift apenas translocam o potássio para o intracelular, os passos nessa fase são a insulina juntamente com glicose e também beta-adrenérgicos como Salbutamol.
  • Se acidose corrigir com bicarbonato de sódio. 
  • A eliminação de potássio pode ser feita nas fezes por meio de resinas de troca
  • Para eliminação renal podemos utilizar diuréticos de alça.  

Caso as medidas funcionem deve-se tratar a causa base, se forem inefetivas é indicada a diálise de urgência

É isso, meu futuro residente, o potássio é um íon que por si só já deveria ser uma especialidade médica devido a tamanha complexidade. Neste ResuMED passamos pelos principais pontos para você ficar craque no assunto, com o Estratégia MED você fica cada vez mais perto da sua vaga!

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