Demografia Médica 2025: como é o perfil dos estudantes de Medicina no Brasil
Estratégia Med | Foto: Freepik/Senivpetro

Demografia Médica 2025: como é o perfil dos estudantes de Medicina no Brasil

Com 266.507 estudantes matriculados entre o 1º e o 6º ano em 2023, o curso de Medicina no Brasil apresenta transformações significativas em seu perfil demográfico, impulsionadas pela expansão do ensino superior, políticas de inclusão e financiamento estudantil. A edição 2025 da Demografia Médica no Brasil apresenta um panorama detalhado sobre o perfil dos estudantes de medicina no país e os caminhos que percorrem até o diploma.

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Presença feminina na graduação médica

A presença feminina na graduação médica atingiu 61,8% em 2023, marcando um aumento de 8,1 pontos percentuais desde 2010. O crescimento foi mais expressivo nas instituições privadas, onde as mulheres representam 65,2% dos alunos. Nas públicas, a paridade de gênero se mantém próxima do equilíbrio. Confira abaixo a tabela com os estudantes de medicina, segundo sexo, de 2010 a 2023:

AnoNúmero de mulheres%*Número de homens
%*
201055.49853,747.81446,3
201158.29054,349.03045,7
201260.86754,949.99745,1
201361.69255,549.50644,5
201466.61856,251.89243,8
201572.03056,854.76743,2
201678.35157,657.65342,4
201787.12258,262.53341,8
201899.0685968.72041
2019112.15659,775.55440,3
2020123.58960,580.69039,5
2021136.7386187.41039
2022150.79061,494.71138,6
2023164.63061,8101.87738,2
Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025. *Percentual de mulheres e homens em relação ao total de matriculados no ano correspondente.

A medicina é hoje mais feminina que o conjunto das graduações presenciais no país (57,9%) e também que cursos como direito (57,2%) e engenharia civil (31,8%). Ainda assim, continua menos feminina do que enfermagem (83,7%), odontologia (72,4%) e farmácia (72,1%).

Jovens ainda predominam, mas aumenta o número de alunos mais velhos

A maioria (60,9%) dos estudantes de medicina tem até 24 anos, mas essa proporção vem diminuindo. Entre 2010 e 2023, a participação de estudantes com 30 anos ou mais dobrou, passando de 6,4% para 13,8%. Essa mudança é ainda mais perceptível nas instituições públicas. Confira abaixo o percentual de estudantes de medicina, segundo faixa etária, de 2010 a 2023:

Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025.

Desigualdades raciais persistem, apesar de avanços

Apesar de avanços com políticas afirmativas, os estudantes brancos ainda dominam os cursos de medicina: 68,6% em 2023. Os estudantes negros (soma de pretos e pardos) representavam 29,2% dos matriculados. Embora essa proporção venha aumentando, ainda está distante da composição populacional brasileira (55,5% de negros, segundo o Censo do IBGE). Veja abaixo os estudantes de medicina autodeclarados pretos e pardos, de 2017 a 2023:

AnoNúmero de pretos e pardos%*
201734.34227,90%
201841.34628,60%
201947.81928,80%
202050.98428,30%
202156.94128,70%
202262.89629,00%
202369.49829,20%
Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025. *Percentual de alunos pretos e pardos em relação ao total de alunos com informação sobre raça/cor.

A desigualdade se acentua entre públicas e privadas: enquanto 44,4% dos estudantes de escolas públicas são negros, apenas 24,5% nas privadas pertencem a esse grupo.

Origem escolar

Do total de estudantes em 2023, 66% vieram de escolas particulares. Nas instituições públicas, no entanto, quase metade dos alunos (51,3%) veio de escolas públicas, contra apenas 29% nas privadas. Apesar da evolução, ainda há uma sub-representação significativa dos egressos da escola pública, considerando que eles representam 65,7% dos estudantes do ensino superior presencial como um todo. Veja abaixo os de estudantes de medicina, segundo procedência (pública ou privada) do ensino médio, de 2010 a 2023:

AnoEnsino médio público%*Ensino médio privado%*Sem informação**
201425.1532575.3157515,2
201528.43724,886.05375,29,7
201632.67625,595.99074,55,2
201737.43025,6108.94874,42,2
201846.49327,9120.26672,10,6
201953.12528,3134.32471,70,1
202058.96228,9145.18471,10,1
202168.94130,8155.12869,20,2
202278.37431,9167.07068,10,1
202390.55534175.912660,02
Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025. *Percentual de alunos segundo procedência do ensino médio em relação ao total de alunos com informação sobre procedência do ensino médio. **Percentual de alunos sem informação de procedência do ensino médio em relação ao total de alunos matriculados.

Programas de reserva de vagas

Dos 266.507 matriculados em medicina em 2023, apenas 9% ingressaram por meio de programas de reserva de vagas. Desses, 96,9% estavam em instituições públicas. Em 13 anos, o número de beneficiados saltou de 2.736 para 24.041 estudantes.

AnoNúmero de estudantes participantes em RVPorcentagem de estudantes participantes em RV (%)*
20102.7262,60%
20113.4043,20%
20123.9953,60%
20135.1694,60%
20146.6725,80%
20158.7736,90%
201611.3698,40%
201713.5649,10%
201815.9729,10%
201918.6309,50%
202019.9799,90%
202121.2169,80%
202222.1459,50%
202324.0419,00%
Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025. *Percentual de alunos que participam de programas de reserva de vagas em relação ao total de matriculados no respectivo ano.

As cotas por escola pública foram as mais comuns (20.169 alunos em 2023), seguidas por ações afirmativas étnico-raciais (13.072) e sociais com base na renda (9.833). Houve crescimento acentuado nas reservas por critério social, que triplicaram desde 2010.

Financiamento estudantil

Embora o número absoluto de alunos com financiamento estudantil tenha dobrado de 2010 a 2023 (de 23.631 para 47.552), a proporção caiu drasticamente: de 36,6% para 23% nas instituições privadas. Isso se deve ao forte crescimento no número de vagas sem contrapartida proporcional em crédito estudantil.

O Fies ainda é o principal recurso reembolsável, apesar da queda de participação (de 93,2% em 2010 para 65,4% em 2023). Já o Prouni e outras bolsas não reembolsáveis aumentaram sua presença relativa, passando de 42,4% em 2010 para 51% em 2023 do total de financiamentos.

Apoio social: limitado e desigual

Os auxílios sociais – como moradia, transporte, alimentação ou material didático – beneficiaram 8,2% dos estudantes de medicina em 2023, sendo o dobro nas escolas públicas (24%) em comparação com as privadas (3,7%). Embora fundamentais para a permanência de alunos de baixa renda, os programas ainda são restritos. Veja abaixo a tabela completa dos estudantes de medicina, segundo recebimento de apoio social e natureza da Instituição de Ensino Superior (IES), de 2010 a 2023:

AnoRecebe apoio (total)%*Recebe apoio IES pública%**Recebe apoio IES privada%**
20107.0826,94.40611,42.6764,1
20118.7438,14.89612,53.8475,6
20129.7298,85.47813,84.2516
201312.92311,67.18616,55.7377,4
201414.0108,56.30015,17.7106,3
201510.5378,33.82515,16.7125,9
201612.4088,74.30114,28.1076,7
201712.75794.58315,28.1747
201815.5139,210.46820,15.0454,4
201917.1809,211.51022,25.6703,9
202015.4637,59.277186.1863,6
202116.7467,59.827176.9193,5
202221.2508,712.86222,78.3883,9
202321.8508,214.247247.6033,7
Fonte: Elaboração dos autores; Inep/MEC. Demografia Médica 2025. *Percentual de alunos que receberam apoio social em relação ao total de alunos matriculados. **Percentual de alunos que receberam apoio social em relação ao total de alunos matriculados em cada ano na IES pública ou privada.

Segundo a Demografia Médica no Brasil 2025, o ensino médico brasileiro ainda é majoritariamente privado e marcado por desigualdades de acesso. Apesar dos avanços proporcionados por políticas públicas e programas de inclusão, a formação médica no país continua distante da composição real da sociedade brasileira.

O desafio dos próximos anos será aproximar as instituições privadas – que concentram mais de 75% das matrículas – das práticas inclusivas já estabelecidas nas públicas. Um sistema médico mais diverso e equitativo pode trazer ganhos concretos ao Sistema Único de Saúde (SUS), ao alinhar a formação profissional com as necessidades reais da população brasileira.

Demografia Médica 2025

Demografia Médica 2025, coordenada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi divulgada no dia 30 de abril de 2025. Em sua 8ª edição, o estudo apresentou um panorama atualizado sobre a formação e a atuação dos médicos no Brasil. Clique no botão abaixo para conferir o estudo na íntegra:

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